Título: Furlan: câmbio não afetará exportações
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2005, Economia, p. B3

SÃO LUÍS-O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, afirmou em São Luís que a a política cambial não afetará as exportações brasileiras. Segundo ele, a projeção do governo federal é que se chegue ao final do ano com um crescimento de 20% no faturamento com a exportação, fazendo o valor chegar a US$ 108 bilhões. Furlan participou ontem da abertura do 90.º Encontro do Comércio Exterior, na Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema). O ministro afirmou que já começou a negociar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a redução da carga tributária para investimentos internacionais e para a indústria exportadora brasileira.

"Vamos decidir os encaminhamentos para a questão. Acredito que teremos avanços. Hoje punimos o investidor internacional, que precisa estocar impostos por dois anos, antes de iniciar a produção. Isso é ilógico. Por isso, vamos trabalhar para atrair novos investimentos, como na siderurgia, em parceria com os chineses, prevista para São Luís", acrescentou.

Segundo o ministro, a projeção otimista se deve à perspectiva dos setores petroquímico e de metais, que ampliaram a participação na balança comercial nos últimos anos. "Os dois setores vão ampliar sua participação nas exportações. Além disso, conseguiram reajustar os preços e negociam produtos que se valorizaram muito no mercado internacional", comentou.

Como exemplo, ele lembrou o reajuste de 76,5% do minério de ferro, puxado pelas negociações entre a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e a Nippon Steel, e o crescimento de cerca de 40% da cotação internacional do cobre que, disse, ganhou importância a partir do início da produção de concentrado de cobre na Serra do Sossego (PA), no ano passado. Com isso, o Brasil passou a exportar o mineral para a Europa e para a Ásia e a abastecer o mercado interno

Apesar da projeção de crescimento das exportações, Furlan acredita que alguns terão problemas com o real valorizado. "Os setores de autopeças e de calçados vêm perdendo fôlego e deverão sentir a mudança mais fortemente, porque grandes distribuidores internacionais não aceitam reajustar os preços." O ministro lembrou, porém, que até janeiro do ano que vem, a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), atualmente em 2%, será zerada. "O processo já começou", disse.