Título: Dólar cai e rompe barreira de R$ 2,60
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2005, Economia, p. B3

O dólar comercial rompeu ontem a barreira dos R$ 2,60 pela primeira vez desde 28 de fevereiro deste ano. Na décima queda consecutiva, a moeda americana fechou em baixa de 0,19%, cotada em R$ 2,596. Com isso, a desvalorização do dólar no período de um ano foi ampliado para 9,58% e no mês, para 2,70%. No ano, a queda é de 2,19%. O valor da moeda provocou uma gritaria geral entre os exportadores do País, que lançaram um manifesto contra o dólar baixo (ver página 1). Eles querem que o governo tome medidas para barrar a constante desvalorização do câmbio, como vinha fazendo até meados de março com a compra de dólar no mercado.

Entre dezembro e março, o Banco Central (BC) comprou cerca de US$ 12,8 bilhões e elevou para cerca de US$ 40 bilhões suas reservas líquidas, acrescenta o economista da Gap Asset Management, Alexandre Maia. "Trata-se de um número que poucos no mercado ousavam prever para as reservas do País." Segundo ele, alguns setores menos competitivos tendem a sofrer com o atual nível do dólar, mas o consumidor tende a ser beneficiado.

Na avaliação de Maia, se o câmbio continuar nesse patamar, a alta do petróleo no mercado internacional poderá ser anulada no mercado doméstico. Além disso, há o fator inflação, que tende a ser beneficiado pelo real valorizado, afirma ele.

Na opinião do economista da Ágora Senior, João Marcus Marinho Nunes, o fantástico saldo da balança comercial explica as sucessivas quedas do dólar. O crescente aumento das exportações, diz ele, eleva significativamente a oferta da moeda americana no mercado interno. Isso porque o volume de importações, apesar de ter evoluído bastante nos últimos meses, ainda é pequeno. O que eleva o saldo da balança comercial.

Além disso, os juros altos no mercado interno incentivam as empresas e instituições financeiras a fazer captações no exterior, onde as taxas são bem mais atraentes, completa Nunes. Ontem, por exemplo, o Banespa anunciou a captação de R$ 150 milhões em bônus de taxa fixa e com prazo de três anos (vencimento em abril de 2008).