Título: Transportes estouram verba Contas do ministério até março superam orçamento do semestre
Autor: José Ra
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/0200, Economia, p. B6

A crise financeira no Ministério dos Transportes deve se agravar neste mês, quando os gastos já realizados ultrapassarão o limite financeiro imposto pela equipe econômica para todo o primeiro semestre. Até o fim do mês, as faturas a pagar somarão R$ 350 milhões, mas o Tesouro liberou R$ 325 milhões para o semestre. Em março, o atraso nos pagamentos foi denunciado pelo presidente do Sindicato Nacional da Construção Pesada, Luiz Fernando Santos Reis, e, segundo ele, o quadro não melhorou nas últimas duas semanas. "O ministro está fazendo o maior esforço para que os recursos alocados sejam liberados, mas até o momento o esforço tem sido em vão", lamentou.

Segundo uma fonte do setor, as faturas acumuladas no Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes, até o início do mês, somavam em R$ 250 milhões, e haverá mais R$ 100 milhões até o dia 30. E as liberações financeiras programadas pelo Tesouro são de R$ 130 milhões em abril, R$ 130 milhões em maio e R$ 65 milhões em junho.

Só estão fora desses limites os pagamentos das obras prioritárias, incluídas no Projeto Piloto acertado com o Fundo Monetário Internacional. Nesse critério, só entram rodovias com retorno financeiro, cujos investimentos não contarão como despesa no cálculo das contas públicas. O pouco dinheiro que sobra é disputado por parlamentares e pelas obras que o ministério considera importantes.

O orçamento aprovado pelo Congresso para os Transportes foi de R$ 5,7 bilhões, mas o Ministério do Planejamento só autorizou a execução de R$ 4,2 bilhões. A diferença foi contingenciada - só será liberada se a receita da União aumentar. Desses R$ 4,2 bilhões, o ministério tem de retirar R$ 500 milhões para despesas operacionais e os R$ 2,6 bilhões do Projeto Piloto. A sobra fica com outros investimentos, mas só as emendas parlamentares somam R$ 1,3 bilhão.