Título: Gol voa alto e faz proposta para comprar a Varig
Autor: Mariana Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/04/2005, Economia, p. B15

A Gol Linhas Aéreas apresentou uma proposta para a aquisição da Varig, informou uma fonte na empresa em crise. O presidente da Varig, Carlos Luiz Martins, esteve ontem pela manhã em São Paulo para uma reunião com o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Junior, para tratar do assunto. Procurada, a Gol nega que esteja em negociação com a Varig. Este é um dos quatro principais projetos sob análise do Conselho de Curadores da Fundação Ruben Berta (FRB), controladora da Varig. Com sete representantes, o conselho equivale em uma empresa privada aos acionistas.

Além da proposta da Gol, que enfrenta muita resistência na Fundação, uma das propostas mais cotadas é a de um grupo de investidores portugueses. Os investidores, cujos nomes não foram revelados, foram encontrados no mercado pela Planner Investment Banking, corretora contratada pela própria Varig. Conforme revelou na semana passada ao Estado o executivo Maurício Quadrado, que está conduzindo as negociações com os portugueses, as conversas estariam bastante avançadas e sua expectativa era fechar negócio até amanhã.

As outras duas propostas são aquelas apresentadas pelos empresários Nelson Tanure, do Jornal do Brasil, e German Efromovich, da aérea Ocean Air. Defendida pelo presidente da Varig, a proposta de Tanure enfrenta resistência no governo. "O governo quer uma solução de mercado, mas não quer o Tanure. E cria resistência para todas as propostas", afirmou a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio. Segundo ela, "nenhuma das propostas é boa para os trabalhadores". Para o trabalhador, diz ela, "o melhor seria o governo negociar as dívidas (da Varig)."

Segundo fontes no mercado, as conversas entre a Gol e a Varig surgiram depois que o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, recomendou à direção da Varig e da Fundação, durante reunião em Brasília, que procurasse a Gol e a TAM.

Com apenas quatro anos de existência, a Gol detém mais de 20% do mercado doméstico e é considerada a companhia aérea mais eficiente do País. A empresa faturou R$ 1,96 bilhão no ano passado, quando obteve um lucro de R$ 317,5 milhões. A Varig tem um faturamento da ordem de R$ 8 bilhões e acumula uma dívida de R$ 6,5 bilhões, além de R$ 3 bilhões em contingências.

As duas empresas têm em comum o fato de operarem com aeronaves Boeing. A TAM, que em 2003 estava em intensas negociações para uma eventual fusão com a Varig, tem uma presença internacional, mas opera com uma frota formada majoritariamente por aeronaves Airbus.

Qualquer que seja a proposta escolhida, ela terá de ser aprovada pelo Colégio Deliberante, grupo de 165 funcionários eleitos diretamente por seus pares no grupo Varig e que são responsáveis, por sua vez, por eleger os curadores. A expectativa é de que na próxima semana seja realizada uma assembléia para analisar as propostas.