Título: Ministros são inocentes 'até prova em contrário'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 30/04/2005, Nacional, p. A6

Lula volta a defender Romero Jucá e Henrique Meirelles, este com mais ênfase: "Eu só posso tomar um atitude quando houver uma conclusão", disse o presidente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que, "por enquanto", o ministro da Previdência, Romero Jucá (PMDB), está cumprindo a tarefa que lhe foi dada. Questionado sobre a avalanche de denúncias que pesam contra Jucá, na entrevista coletiva concedida no Palácio do Planalto, Lula defendeu o ministro, alegando que "até prova em contrário" ele continuará fazendo o seu trabalho. Mas a defesa que fez do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foi mais enfática. Meirelles não tem escondido seu desconforto desde que virou alvo de acusações de sonegação e lavagem de dinheiro. Chegou até mesmo a pedir para deixar o cargo, mas Lula o segurou. Descontente, o presidente do BC pretende disputar o governo de Goiás e tem conversado com o PTB. Na manhã de ontem, perguntado pelo Estado sobre a permanência de Meirelles na equipe, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) decida que ele deve ser investigado, como quer a Procuradoria-Geral da República, o presidente disse não fazer julgamentos precipitados.

"Eu só posso tomar uma atitude quando houver uma conclusão. O que quero para mim eu faço para os outros. Eu não quero ser julgado antecipadamente, eu quero que me dêem o direito de defesa", observou Lula. "O Supremo (...) pode chegar no final e concluir que todas as coisas que foram levantadas contra o presidente do Banco Central não têm procedência. Se eu tiver tirado (Meirelles) antes, eu terei criado um problema político desagradável."

Com o mesmo argumento de que não julga antecipadamente, Lula disse que o ministro é inocente até prova em contrário. "Você não pode crucificar ou decretar pena de morte para ninguém por causa de denúncia", afirmou. Desde que foi nomeado, há pouco mais de um mês, o ministro responde todo dia a novas acusações. O presidente está muito aborrecido, mas não ainda não demitiu Jucá por avaliar que criaria uma crise sem precedentes com o PMDB. Com a imagem arranhada, o ministro não consegue pôr em prática o chamado "choque de gestão" para combater o déficit da Previdência.

"Quando eu discuti com o PMDB e o ministro Jucá veio a ser ministro, antes de aceitar ele me trouxe uma série de acusações contra ele e me trouxe uma série de documentos provando o que já tinha feito", lembrou Lula. Depois, afirmou que Jucá pediu investigação ao Ministério Público e à Polícia Federal. "Eu sou, como ele, obrigado a esperar que haja a investigação ou uma decisão, como já tem no Tribunal de Contas, de que não tem nenhum erro. Na hora era em que tiver esse veredicto, eu tomarei a posição que tiver que tomar. Por enquanto, o ministro Jucá está cumprindo uma tarefa que eu dei a ele, que é a de tentar, de uma vez por todas, acabar com o déficit da Previdência", disse o presidente. .