Título: Senador pede 'ato de grandeza' a renúncia
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/04/2005, Economia, p. B4

O presidente da CPI do Banestado, que investigou a evasão de divisas do País, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) pediu ontem ao presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, que , "em um gesto de grandeza, faça o que o presidente Lula não tem coragem de fazer e deixe o cargo". "As denúncias contra Meirelles são graves, ele deve explicações ao Brasil que não serão silenciadas pela tentativa do governo em fingir que está tudo bem", disse Antero, lembrando que "em qualquer país sério" uma denúncia como essa seria motivo suficiente para afastamento. "E já se vão alguns dias e nem Meirelles tem dignidade para pedir demissão e nem o governo brasileiro tem a coragem de demiti-lo. O senhor Meirelles está mais sujo do que pau de galinheiro."

Em vez disso, lembrou Antero, o governo tratou de blindar o presidente do BC, dando-lhe status de ministro. "Foi uma fantasia que reforçou a imagem do PT como coveiro da ética, de partido do abafa." Afirmou que, se estivesse tranqüilo, Meirelles não teria de se esconder da imprensa e lembrou que o presidente do BC terá de atender ao convite para comparecer à Comissão de Fiscalização e Controle do Senado. "É bom lembrar que, se recusar, o convite será transformado em convocação."

Antero foi o terceiro senador, nesta semana, a pedir a saída de Henrique Meirelles. Antes dele, Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Pedro Simon (PMDB-RS) já tinham se manifestado. A defesa do presidente do BC foi feita pelos petistas Sibá Machado e Tião Viana, ambos do Acre. Sibá disse que Meirelles tem a total confiança do governo federal; Viana protestou contra o "prejulgamento" de Antero. Outra filiada do PT, a senadora Fátima Cleide (RO), limitou-se a defender o partido que, acredita, teria dado uma demonstração de ética ao respeitar a independência do Ministério Público. "E ele foi eleito pelo PSDB de Goiás e não pelo PT", justificou, revelando divergências no partido quanto à permanência de Meirelles no cargo.