Título: Desempenho das aéreas melhorou em 2004
Autor: Renata Stuani
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/04/2005, Economia, p. B9

A análise do balanço das três maiores companhias aéreas do Brasil indica um melhor desempenho do setor em 2004, frente a 2003. A TAM e a Gol tiveram lucro líquido e a Varig teve menor prejuízo líquido por causa da renegociação de dívidas. As três empresas apresentaram aumento médio de 25% na receita líquida em 2004, motivado pelo crescimento da demanda. Segundo o Departamento de Aviação Civil (DAC), o movimento de passageiros no ano passado teve uma elevação de 12% em relação a 2003. A Vasp, que até o fim do ano era a quarta maior empresa do setor, parou de operar com transporte regular em janeiro e não apresentou os resultados financeiros de 2004. De todas, a empresa que mais cresceu no ano passado foi a Gol, com expansão de 40% na receita líquida.

A Varig encerrou o ano passado com prejuízo líquido de R$ 87,167 milhões, uma melhora significativa na comparação com o prejuízo de R$ 1,8 bilhão de 2003. A receita líquida cresceu 11,4% em 2004, para R$ 8,858 bilhões. O problema da Varig é sua dívida gigantesca de R$ 5,6 bilhões, responsável por seu patrimônio líquido ser negativo em R$ 6,444 bilhões.

Em 2004, o balanço da empresa foi afetado por ajustes contábeis resultantes do parcelamento de sua dívida com o INSS e com a Receita Federal, além do acerto do déficit atuarial com o fundo de pensão Aerus. Em 2003, a companhia contabilizou R$ 1,996 bilhão como "outras despesas operacionais", resultado que ficou positivo em R$ 34,395 milhões no balanço de 2004.

A variação cambial também contribuiu para a melhora do balanço. Como efeito da valorização do real frente ao dólar, houve redução de 4,3% no endividamento da empresa. O balanço demonstra que a Varig se mantém como a maior empresa aérea do País em termos de receita e frota (93 aviões). A companhia é vice-líder no mercado doméstico (31,9% de market share em fevereiro) e líder no internacional (82%).

TAM

A TAM, líder do mercado doméstico (41% de fatia em fevereiro), registrou lucro líquido de R$ 341,132 milhões em 2004 - 96,3% superior ao do ano anterior. Foi o maior resultado já obtido pela companhia. A receita líquida saltou 25,8%, alcançando R$ 4,520 bilhões. No entanto, o ganho da TAM foi afetado por uma mudança contábil no balanço. A empresa alterou a modalidade de contratos de leasing financeiro dos aviões para leasing operacional.

O leasing financeiro é um financiamento que permite à companhia comprar o avião no final do acordo e é contabilizado como passivo, corrigido com a variação cambial. Já o leasing operacional é um tipo de aluguel e é contabilizado como despesa. Com a alteração, os valores passaram a ser contabilizados no balanço, o que fez com que a empresa registrasse um lucro não operacional de R$ 300,126 milhões, ante resultado de R$ 15,381 milhões no ano anterior, e lucro líquido de R$ 341 milhões.

A terceira maior empresa, a Gol, que começou a operar em 2001 e detém hoje 24% do mercado doméstico, apresentou o melhor desempenho financeiro entre as maiores companhias do setor em 2004, com lucro líquido recorde de R$ 317,480 milhões - 181% maior em relação ao ano anterior. A receita líquida da Gol somou R$ 1,960 bilhão no ano passado, volume 40% superior ao de 2003.