Título: Para analistas, gasolina não deve subir agora
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/04/2005, Economia, p. B11

A persistência com que as cotações internacionais do petróleo se mantêm em torno dos US$ 55 por barril começa a reacender cobranças por novos reajustes nos preços da gasolina e do diesel no Brasil. Segundo análise do banco Pactual, a defasagem no preço interno dos dois produtos ante o mercado externo já chega a 24% e 20%, respectivamente. Segundo a instituição, se quiser equiparar seus preços às cotações internacionais, a Petrobrás terá de promover reajustes de 32% na gasolina e 25% no diesel no preço de venda dos produtos, incluindo impostos. A possibilidade de aumentos no curto prazo, porém, é considerada difícil pelo mercado. A estatal já avisou que não vai se deixar influenciar por cotações especulativas, lembra o economista da GRC Visão, Alex Agostini. Além disso, diz ele, a cotação do dólar, hoje em torno de R$ 2,60, ajuda a empresa, pois nos últimos ajustes de preços o dólar estava perto de R$ 3. Relatório distribuído pelo Pactual aos clientes alerta que as chances de reajuste podem subir se o petróleo se mantiver nos níveis atuais pelos próximos dois meses.

A hipótese é provável, diz o consultor Jean Paul Prates, da Expetro Consultoria. No início do ano, esperava-se que as cotações começassem a ceder agora, no segundo trimestre, o que não vem ocorrendo. "A situação que estamos vivendo é inusitada e preocupante", diz Prates. Para ele, a alta do preço se deve à pouca capacidade mundial de aumentar a produção e acompanhar o crescimento da demanda.

Agostini, da GRC Visão, faz coro e acredita que os preço vão oscilar entre US$ 50 e US$ 60 até maio ou junho. Mas diverge nas razões da alta: segundo ele, os preços estão pressionados pelo fluxo de investimentos no mercado de petróleo - dinheiro que está deixando os países emergentes em direção aos papéis do Tesouro americano. "Enquanto não houver definição sobre os juros nos Estados Unidos, os investidores devem manter seus negócios em petróleo. Neste momento, é um mercado mais atrativo do que os emergentes."

As altas cotações já se refletem nos preços internos de produtos menos populares, como nafta petroquímica e querosene de aviação. Os dois produtos, cujos reajustes são definidos em datas fixas, de acordo com os contratos de fornecimento, subiram 18% e 8,5%, respectivamente, no início do mês. Neste ano, segundo estimativa do mercado, o querosene de aviação já acumula alta de 27,6%. O últimos reajuste nos preços da gasolina e álcool foram promovidos em 15 de novembro.