Título: Milhares exigem em Bagdá a saída dos EUA do Iraque
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2005, Internacional, p. A13

No segundo aniversário da queda do Saddam Hussein, dezenas de milhares de iraquianos saíram ontem às ruas de Bagdá exigindo a retirada das tropas americanas do país e mais rapidez no julgamento do ex-ditador, enquanto uma escalada de violência deixou 26 mortos, entre eles 16 soldados iraquianos que morreram em ataques de rebeldes. Os manifestantes, atendendo à convocação do chefe radical xiita Moqtada al-Sadr, reuniram-se na Praça Firdus, onde em 9 de abril de 2003 iraquianos auxiliados por soldados americanos derrubaram a estátua de Saddam. O ato simbolizou o fim do governo do ditador.

"Não haverá paz nem segurança no Iraque antes que termine a ocupação", afirmou Sadr, dirigindo o maior protesto em Bagdá desde a queda do antigo regime. "Os ocupantes devem deixar meu país. Não queremos nada de vocês, apenas que nos deixem tranqüilos."

Participantes da manifestação carregavam cartazes com fotos do presidente americano, George W. Bush, e do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, com os dentes ensangüentados. Nos cartazes, a legenda "terroristas internacionais".

Enquanto a população protestava na capital, ataques rebeldes deixavam dezenas de mortos pelo país. De manhã, uma explosão durante a passagem de um comboio militar em Latifiya, 40 quilômetros ao sul de Bagdá, provocou a morte de 16 soldados, todos iraquianos. O Ministério da Defesa também informou que vários outros ficaram feridos, sem precisar o número.

Em outro episódio na mesma região, rebeldes abriram fogo contra um carro e mataram cinco civis. Essa área do Iraque é conhecida como "triângulo da morte" devido aos numerosos casos de assassinatos e seqüestros.

Também foram mortos quatro caminhoneiro atacados na principal estrada que liga a capital do país ao Kuwait. Outros quatro ficaram feridos no incidente. Os oito caminhões, que pertenciam ao Ministério do Comércio, foram roubados.

Um assessor o líder Moqtada Sadr foi assassinado por desconhecidos quando se dirigia a Bagdá para participar das manifestação contra a ocupação. Fadel al-Choq foi vítima de disparos no bairro de Dura, na entrada sul da capital.