Título: Como se estuda a biodiversidade
Autor: Herton Esc
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2005, Vida &, p. A28

COLETA - Para que possam estudar a biodiversidade, os pesquisadores precisam coletar exemplares das diferentes espécies de plantas e animais, de modo que eles possam ser comparados e descritos em detalhe. Esse trabalho é feito por meio de expedições de campo, nas quais os espécimes são coletados e transportados de volta para os laboratórios e museus. As expedições podem visar à coleta de espécies específicas ou à realização de inventários biológicos sobre a biodiversidade de uma região ou ecossistema. As coletas dependem de autorização do Ibama - nem uma pena de pássaro ou folha de árvore pode ser coletada sem anuência do órgão. COLEÇÕES - Uma vez coletados, os espécimes de fauna e flora são guardados em coleções biológicas, que podem ser públicas ou privadas. As coleções funcionam como bibliotecas, só que com plantas e animais preservados no lugar de livros. Quando um pesquisador deseja pesquisar detalhes de uma determinada espécie, ele pode recorrer a essas coleções. Os acervos guardam exemplares inteiros, empalhados ou preservados em álcool, assim como peles, ossos e órgãos das espécies. Quantos maior e mais diversificado o número de amostras, melhor a capacidade de descrever e entender a espécie.

BIOPROSPECÇÃO - Os problemas dos pesquisadores com a burocracia excessiva começaram em 2001, com a publicação da Medida Provisória 2.186. Visando a combater a biopirataria e regulamentar as atividades de bioprospecção, a MP acabou afetando também os trabalhos de pesquisa básica com material biológico. A bioprospecção visa ao desenvolvimento de produtos - cosméticos e medicamentos, por exemplo - a partir dos recursos genéticos de plantas e animais da biodiversidade nacional. A pesquisa básica, por outro lado, envolve a coleta e estudo das espécies apenas para fins de conhecimento. Mas as duas coisas acabaram misturadas na legislação.

DIFERENCIAÇÃO - Para tentar resolver o problema, a legislação está sendo simplificada e a responsabilidade sobre o licenciamento da pesquisa básica foi delegada ao Ibama, enquanto as atividades de bioprospecção ficam a cargo do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), também do Ministério do Meio Ambiente.