Título: MST inicia marcha com 12 mil pessoas
Autor: João Unes
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2005, Nacional, p. A9

Manifestantes saíram ontem de Goiânia e percorreram 16,5 dos 200 quilômetros até Brasília, que pretendem alcançar em 15 dias Quase 12 mil sem-terra partiram ontem de Goiânia com destino a Brasília, na Marcha Nacional pela Reforma Agrária, o protesto contra a política fundiária do governo. Manifestantes de 23 Estados participam da caminhada de 200 quilômetros, que deve durar 15 dias.

Assim que o sol nasceu, uma longa coluna vermelha se formou na BR-060. Com bonés, camisetas e bandeiras do Movimento dos Sem-Terra (MST), os manifestantes saíram da região do Estádio Serra Dourada, onde se concentraram no fim de semana.

Eles chegaram em dezenas de ônibus e caminhões e acamparam nas arquibancadas e quadra do ginásio Arena, que ficou cheio de bandeiras, colchões e malas. No domingo, fizeram ato pelo Dia do Trabalho na Praça Cívica, com a presença do prefeito Íris Rezende (PMDB) e do arcebispo de Goiânia, d. Washington Cruz.

Ontem os sem-terra fizeram ato ecumênico às 6h30. Sob sol forte, ocuparam a rodovia às 7h30, escoltados por 40 homens da Polícia Rodoviária Federal, que informou que o trânsito será desviado em certos trechos. Por causa da marcha, houve engarrafamento em alguns pontos na saída de Goiânia.

O primeiro dia de caminhada teve percurso de 16,5 quilômetros, até o posto da Polícia Rodoviária na saída de Goiânia. Os manifestantes montaram acampamento no local ainda no início da tarde.

Segundo organizadores do movimento, a intenção é caminhar de manhã e fazer atividades e seminários à tarde para conscientizar a população. Na chegada a Brasília, os sem-terra farão ato público pela reforma na Esplanada dos Ministérios e pretendem entregar uma carta ao presidente Lula. "Queremos levar ao governo federal nosso pedido para acelerar a reforma agrária", afirma José Valdir Miesnerovicz, um dos coordenadores do MST em Goiás. "O presidente Lula não cumpre o compromisso que fez com o MST de assentar cerca de 115 mil famílias a cada ano." Miesnerovicz afirmou que o MST pretende alertar o governo e a sociedade. "A reforma agrária só vai acontecer se houver mudança na política econômica do País."

INVASÕES

No sertão da Bahia, o MST promoveu três invasões na madrugada de ontem, mobilizando cerca de 450 famílias de vários assentamentos. Cerca de 200 famílias ocuparam a Fazenda Amizade, em Curaçá. Outras 150 entraram na Fazenda Mamão, em Sento Sé, e 100 invadiram a Fazenda Umburana, em Senhor do Bonfim.

As três fazendas são de empresas agrícolas e estavam abandonadas há alguns anos, segundo Durval Santos, dirigente do MST na região. Ele afirmou que as invasões foram pacíficas, pois as terras estão "largadas e sem uso".