Título: Ministro chileno é eleito novo secretário-geral da OEA
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2005, Internacional, p. A12

Sem chance de vitória, o candidato mexicano havia retirado sua candidatura na semana passada Com o apoio do Brasil, o ministro do Interior e ex-chanceler do Chile, José Miguel Insulza, foi eleito ontem secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA). A escolha de Insulza encerrou um dos mais embaraçosos episódios da história da desacreditada organização hemisférica, desencadeado no final de 2004 pela renúncia forçada do último dirigente da OEA, Miguel Angel Rodríguez, da Costa Rica, que foi obrigado a deixar o cargo menos de um mês após sua posse, sob acusação de corrupção pelo governo do próprio país. Candidato único, Insulza, de 61 anos, obteve 31 dos 34 votos, após uma eleição realizada em duas etapas que expôs profundas divisões na entidade conhecida por sua ineficácia e pouca relevância. Bolívia, Peru e México se abstiveram. O México, que apresentou seu chanceler, Luiz Ernesto Derbez como candidato, afirmou que esperava que Insulza retirasse sua candidatura no sábado, depois que Derbez anunciou sua saída da disputa.

Insulza e Derbez haviam empatado em cinco votações consecutivas em abril. Os EUA, que inicialmente apoiaram um candidato sem chances - o ex-presidente de El Salvador, Franciso Flores -, depois endossaram Derbez, mas acabaram votando no chileno, fizeram uma manobra de última hora e apresentaram-se como os autores do acordo que levou à eleição de Insulza.

De volta de Santiago, no domingo, onde acompanhou a secretária de Estado, Condoleezza Rice, em sua primeira viagem à América do Sul, o secretário-adjunto de Estado para o Hemisfério Ocidental, Roger Noriega, afirmou que o acordo que abriu o caminho para a escolha de Insulza foi articulado por Rice em troca de um compromisso do chileno de buscar "um mecanismo que torne governos que não governam democraticamente responsáveis perante a OEA".

"A realidade é que a retirada de Derbez e a adesão dos EUA ao Chile decorreram da constatação de que o mexicano perdera o voto do Paraguai e não tinha chances", disse um diplomata sul-americano. Insulza tomará posse antes da Assembléia-Geral da OEA, marcada para junho, em Fort Lauderdale, Flórida. O chanceler brasileiro, Celso Amorim, disse que a eleição de Insulza "é um grande resultado que será bom para a OEA".