Título: Investidor participa da gestão das empresas
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2005, Economia, p. B6

A Bematec, empresa de impressoras especiais para automação bancária e comercial, com sede em Curitiba, faturamento em 2004 de R$ 100 milhões, e 250 funcionários, nasceu há 15 anos, como aplicação prática das dissertações de mestrado de Wolney Betiol e Marcel Malczewski. O produto inicial da Bematec, impressoras para telex, ficou para trás na poeira tecnológica, mas as empresa seguiu em frente, adaptando-se à era da informática. A Bematec é o tipo de empresa que não existiria sem o venture capital na sua fase mais inicial, a do capital semente e dos investidores anjos. Em 1991, Betiol e Malczewski conseguiram um aporte equivalente a US$ 150 mil de um grupo de empresários paranaenses. Com esse dinheiro, conseguiram pôr em prática os seus planos e, mais tarde, tiveram aportes maiores do BNDES e Finep.

"A experiência empresarial desse pessoal foi importante para nós", diz Betiol. No venture capital, é comum o envolvimento dos investidores na gestão das empresas que recebem recursos. Às vezes, isso pode chegar à participação direta, até como principal executivo, como no caso de Edson Bouer. Executivo do Eccelera, fundo de private equity do grupo venezuelano Cisneros, com foco no Brasil, ele agora comanda a Superbid, uma das empresas no qual o Eccelera investiu.

A Superbid é fruto da fusão de uma empresa que intermediava vendas de equipamentos e matérias-primas industriais com outra de leilões na Internet. Hoje, ela especializa-se em leilões industriais que são realizados, simultaneamente, ao vivo, e pela Internet, tendo negociado R$ 140 milhões no biênio 2003/2004.

Outra empresa que nasceu na Universidade e teve apoio de venture capital foi a Módulo, do Rio, de software de segurança de informação. "O aporte de recurso traz mais maturidade para a empresa", diz o sócio Fernando Nery.

No venture capital, normalmente são constituídos fundos fechados, na qual o investidor só pode retirar o dinheiro de cinco a oito anos após a aplicação. Isso é explicado pelo prazo natural para que uma empresa se desenvolva, mas também pelo envolvimento que os investidores - tipicamente empresários e financistas - acabam tendo na condução do negócio.

As aplicações em capital de risco podem ter rentabilidade bem mais alta que os investimentos tradicionais, superando facilmente os 20% ao ano. Os riscos são maiores, porém, especialmente nas etapas iniciais. Como explica Eduardo Costa, superintendente da área de pequenas empresas inovadoras da Finep, de cada dez pequenas empresas inovadoras que são financiadas, em média duas são espetacularmente bem-sucedidas, duas ou três quebram e o resto tem um desempenho mediano. Os casos de sucesso pagam pelos demais e os fundos buscam equilibrar aqueles riscos.