Título: Empresa quer melhor acesso e qualificação
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2005, Metrópole, p. C1

O empresário Marcelo Accioli Toledo, de 42 anos, que divide a administração da usina Ibéria com os primos Gustavo e Antonio Toledo, conta que a empresa começa a funcionar em junho com 800 trabalhadores na área rural e 450 no setor industrial. As moendas vão esmagar, este ano, 650 toneladas de cana para produzir açúcar e álcool. A capacidade total, de 1,4 milhão de toneladas, será alcançada no quarto ano. Até lá, serão admitidos mais 600 funcionários. Indiretamente, podem ser criados outros mil postos de trabalho. Ele acredita que a região vai absorver rapidamente o impacto do grande deslocamento humano. "É uma região com muito potencial e há disposição dos órgãos públicos de investir na infra-estrutura."

A empresa reivindica a melhoria das estradas de acesso e o apoio para a qualificação da mão-de-obra. "Estamos abertos a parcerias."

O grupo Toledo tem tradição no setor usineiro de Alagoas. Começou a moer cana de açúcar em 1935, com a usina Capricho, em Cajueiro. Em 1970 abriu a usina Sumaúma, em Marechal Deodoro, e, em 1976, a Paísa, em Penedo. Há três anos, seguindo uma tendência do setor em Alagoas, decidiu transferir parte dos negócios para São Paulo. "Aqui existe clima favorável e áreas para expansão dos canaviais."

O grupo adquiriu a estrutura da usina Gantus, desativada há mais de dez anos. O valor dos investimentos não foi revelado.

CIDADES VIZINHAS

O encarregado da portaria da empresa, Fernando da Silva Esteves, um dos primeiros contratados, conta que recebe 50 pessoas por dia em busca de emprego. "Muitas vêm com a família." Na falta de casas em Borá e cidades mais próximas, ele orienta para procurarem acomodação em Quatá, Oriente, Quintana e Paraguaçu Paulista, num raio de 40 quilômetros. São cidades percorridas pelos ônibus que transportam os trabalhadores. A usina fica a 13 quilômetros de Borá, mas o acesso passa pela área urbana.

No Auto Posto Borá, o único da cidade, o movimento dobrou. Motoristas vindos de longe param para abastecer e pedir informações.

"Então, Borá é só isso?", espanta-se Edvaldo Clemente, de 26 anos, que chegou de carro, vindo de Palmital, para deixar um currículo na usina. "Sou soldador e soube que pagam bem."

O amigo Paulo Anselmo Souza, de 25 anos, da roça, nunca teve registro na carteira. José Aparecido Vítor, de 27 anos, chegou de moto, na carona de Antonio Pastor, de 53. Ele trabalhava de tratorista numa fazenda e, com a queda no preço da soja, foi demitido.