Título: Violência é só um dos problemas
Autor: Luiz Maklouf Carvalho
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/04/2005, Metrópole, p. C7

O segundo município mais populoso da Baixada Fluminense - 820 mil habitantes, às margens da Via Dutra - tem orçamento, para este ano, de R$ 320 milhões. "É pequeno para a necessidade", diz o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT). Os principais problemas sociais são violência, desemprego em torno de 10% e deficiências na saúde. "Nosso índice de leptospirose é altíssimo." A pobreza e a violência concentram-se na periferia, mas não há favelas. A rede de esgotos atinge 51,8% dos domicílios e a de água, 81%. O analfabetismo é de 7%. O Índice de Desenvolvimento Humano, em 2000, último disponível, era de 0,762, na escala que vai de 0 a 10, o que o colocava em 45.º lugar entre os 91 municípios do Rio. A cidade tem mata atlântica em 35% do território e duas áreas de preservação - Reserva do Tinguá e Serra da Madureira.

Não há estatística específica sobre a evolução da violência. Em relação à Baixada Fluminense como um todo, os números do Núcleo de Estudo de Cidadania, Conflito e Violência Urbana da Universidade Federal do Rio de Janeiro dizem que havia 80 homicídios por 100 mil habitantes em 1995. Em 2004, eram 50 por 100 mil.

Segundo o Centro da Defesa dos Direitos Humanos da Diocese de Nova Iguaçu, ocorrem em média, por dia, três mortes violentas. Dias antes da chacina, a cidade foi abalada pelos assassinatos da psicóloga Alba de Carvalho Gonçalves, no centro da cidade, e do engenheiro elétrico José Oliveira Conceição, em um bairro periférico, ambos em assaltos.

Para quem nunca foi até lá, e tem imagens de tiroteios à luz do dia, o município é uma feliz decepção. Parece uma cidade média como outra qualquer. A economia é movida pelo setor de comércio e serviços, mas tem algumas grandes indústrias, como a Compactor.

O Sesc/Sesi tem ali um de seus maiores centros de formação. Há bons restaurantes e o Country Clube, freqüentados pela elite. Filas bancárias são uma agrura e é grande o movimento do centro comercial.

O partido do prefeito, PT, tem 2 dos 21 vereadores da Câmara, cujos salários chegam a R$ 5.500,00. Mesmo assim, Lindberg conseguiu fazer o petista Carlos Roberto Ferreira, o Ferreirinha, presidente da Casa. "Mas a coisa está bastante dividida por lá."