Título: Amorim cobra mais vontade política da UE com Mercosul
Autor: Expedito Filho, Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2005, Nacional, p. A7

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem a cobrar dos europeus maior atenção às negociações entre a União Européia (UE) e o Mercosul, praticamente paralisadas nos embates técnicos. Aproveitando a viagem à Itália para acompanhar os funerais do papa João Paulo II, Lula encontrou-se, em Roma, com o presidente da comissão do Parlamento Europeu que se ocupa das relações entre os dois blocos, Massimo D'Alema, que admitiu a falta vontade política da UE. O chanceler Celso Amorim comentou que um novo ímpeto político poderia ser a chave para destravar o processo. Os dois blocos precisam definir a data de uma reunião ministerial para relançar as negociações, mas os governos europeus ainda estão hesitantes. Representando o Mercosul, a chanceler do Paraguai, Leila Rachid, discutirá o assunto no dia 13 com os comissários da UE.

"Precisamos de mais vontade política, convencer e encorajar mais a Europa. Faremos isso pelo menos com os membros do Parlamento Europeu", ressaltou D'Alema, um dos líderes da oposição na Itália. Segundo o governo, teria sido o próprio italiano quem pediu a audiência com Lula - ele pretende organizar uma viagem ao Brasil, com deputados europeus, para debater o acordo.

O político italiano é o principal inimigo do atual primeiro-ministro de sue país, Silvio Berlusconi. Pelas regras da UE, o Parlamento tem um poder mínimo de influenciar nesses acordos comerciais. São, portanto, os governos nacionais que influenciam mais nas negociações.

ELOGIO

D'Alema se mostrou informado sobre os problemas das negociações comerciais com o Mercosul e indicou que o tema da liberalização agrícola, para a Europa, e a liberalização dos serviços financeiros, para os sul-americanos, eram os principais obstáculos.

Falando sobre a política brasileira, o italiano avaliou que o País conseguiu "um importante crescimento" da economia e "uma forte estabilidade política, apesar do sistema político bem fragmentado". Segundo ele, a estabilidade política só foi obtida graças às ações do presidente Lula.