Título: Radicais bloqueiam escolas em protesto contra plano para Gaza
Autor: AP, Reuters e AFP
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2005, Internacional, p. A13

Extremistas israelenses fecharam ontem com corrente e cadeado 167 escolas e creches na região de Tel-Aviv, como parte de sua campanha para causar transtornos às atividades do país em protesto contra a remoção de colônias judaicas da Faixa de Gaza e Cisjordânia. Ao chegar para a aula, os estudantes encontraram cadeados nos portões, ao lado de cartazes onde estava escrito "Judeus não expulsam judeus". A maioria dos bloqueios foi removida facilmente, mas vários tiveram de ser rompidos pela polícia e bombeiros. O governo ordenou esforços para prender os responsáveis. Colonos judeus apoiados por grupos ultranacionalistas estão intensificando suas ações de protesto à medida que se aproxima o mês de julho, quando o Exército dará início à retirada dos cerca de 8 mil moradores dos assentamentos da Faixa de Gaza. Seus líderes têm dito que vão paralisar o país.

Como parte das ações para evitar protestos violentos, os militares puseram ontem sob prisão domiciliar até setembro o colono Noam Federman, membro do movimento antiárabe Kach e morador de uma colônia em Hebron, na Cisjordânia. Até então ele só tinha permissão para sair de casa durante o dia. O Exército informou ter obtido informações do setor de inteligência indicando que Federman representa um perigo para a segurança pública.

Na segunda-feira, em entrevista à TV americana NBC, o primeiro-ministro Ariel Sharon comparou a atmosfera em Israel à da véspera de uma guerra civil. A declaração foi ao ar depois de Sharon reunir-se com o presidente George W. Bush, no Texas - encontro que tinha como objetivo inicial expressar o apoio dos EUA ao plano de retirada da Faixa de Gaza. Sharon aproveitou o encontro para pedir que Bush endureça a pressão para forçar o Irã a desistir de seu programa nuclear.

Ontem Israel minimizou as críticas de Bush à expansão de colônias judaicas na Cisjordânia. Na conversa com Sharon, o líder americano pediu-lhe que suspenda a construção de milhares de casas no assentamento de Maale Adumim, vizinho de Jerusalém, para não prejudicar o processo de paz. Mas o porta-voz de Sharon, Avi Pazner, disse haver apenas um "leve desentendimento" que não impede as obras em Maale Adumim. A expansão da colônia continuou ontem no mesmo ritmo.

"Nosso plano estratégico é o da retirada de Gaza, mas, em contrapartida, pedimos que as zonas povoadas essencialmente por israelenses (na Cisjordânia) sejam, no marco de um futuro acordo com os palestinos, anexadas a Israel, e essas áreas continuamos povoando. Essa é a base de um acordo entre Sharon e Bush, firmado há mais de um ano", disse Pazner. Bush tem dito que as negociações sobre o status final dos territórios terão de levar em conta a preocupação de Israel com "os grandes centros populacionais".

O último plano de paz, o mapa da estrada, co-patrocinado pelos EUA, prevê o congelamento das construções nas colônias e o fim dos ataques de palestinos, entre outras ações. Esses territórios árabes, bem como Jerusalém Oriental, reivindicados pelos palestinos, foram ocupados por Israel em 1967.