Título: Livrarias expandem operações pelo País
Autor: Daniel Hessel Teich
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2005, Economia, p. B11

novas lojas, aproveitando o aquecimento do mercado

Não são apenas as editoras que programam investimentos e expansões. Redes de livrarias entusiasmadas com o aquecimento do mercado decorrente da retomada econômica estão reformulando suas operações e expandindo os pontos-de-venda. A Siciliano, maior rede de livrarias do País em número de lojas próprias, com 53 unidades (além de outras quatro em sistema de franquia), está promovendo uma reviravolta em seus negócios. Até o mês que vem a empresa abandona definitivamente a venda de produtos como CDs, DVDs e artigos de papelaria. "Nosso foco será estritamente em livros. Não vamos nos dispersar mais", diz o presidente da empresa Álvaro Silva, que assumiu o posto em janeiro.

Com esse novo foco, a Siciliano abandona produtos que lhe rendem 25% de faturamento. Mesmo assim, a rede mantém uma meta ambiciosa de crescimento de 10% em 2005. Outra mudança radical diz respeito à internet. A Siciliano ambiciona se transformar no principal site de venda de livros do País, com uma oferta de mais de 100 mil títulos. Em média, atualmente as lojas da rede oferecem entre 20 mil e 30 mil títulos. Para o novo site, que entra no ar no segundo semestre, a empresa está investindo pesado em logística.

"A idéia é trazermos de volta os chamados livros de fundo de catálogo que, por serem edições antigas, não são mais encontradas com facilidade nas livrarias comuns, mais focadas em lançamentos e novidades", diz Silva. Ao todo, a Siciliano planeja investir R$ 3 milhões durante o ano de 2005. Pretende ainda abrir duas ou três lojas próprias e 15 franquias. O faturamento da empresa foi de R$ 182 milhões, dos quais 7% vieram da editora do grupo, hoje formada por quatro selos - ARX, ARX Jovem, Futura e Caramelo.

Outra empresa que pretende manter investimentos ambiciosos em 2005 é a Livraria Cultura. Durante anos, a Cultura resistiu à expansão, mantendo uma única loja na Avenida Paulista. A expansão começou em 2000 e agora chega à sua quinta filial, em Brasília - são dois endereços em São Paulo, um em Porto Alegre e outro no Recife. As lojas da Cultura são bastante peculiares, com mais de mil metros quadrados. Custam, em média, R$ 6 milhões cada uma. A sexta loja do grupo será inaugurada em São Paulo em 2006. "Nosso ritmo de expansão é lento porque não queremos descaracterizar as livrarias. Na verdade, as lojas são um espaço para quem gosta de livros, com muita atividade cultural", explica Sérgio Herz, diretor da empresa.

Herz acredita que a empresa atingiu a maturidade para a expansão e agora tem uma "espinha dorsal" formada, de onde pode se ramificar. "Livro é um negócio complicado. Se você comprar dois e não vender um, perdeu", diz ele. Na avaliação de Herz, o mercado editorial vive um bom momento. Best sellers como os livros de Paulo Coelho e de Dan Brown são ótimas oportunidades para as livrarias. "Eles trazem leitores que não têm hábito de comprar livro", diz. "Harry Potter, por exemplo, além de atrair um público novo, quebrou aquela idéia de que criança não lê livro grosso".