Título: Política do governo para o setor é ampla e ambiciosa
Autor: Daniel Hessel Teich
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/2005, Economia, p. B11

O governo Lula tem uma política ampla, bem estruturada e ambiciosa de fomento à leitura. Mas, mais do que a boa vontade política para tratar a questão, observa-se um movimento grande no País pela democratização do acesso aos livros, que une mercado, sociedade e governos justamente em 2005, o Ano Ibero-Americano da Leitura. A desoneração da produção, recebida com grande otimismo entre os empresários do setor, faz parte do Plano Nacional do Livro e Leitura, tocado a todo vapor pelo Ministério da Cultura (MinC). São ações como a instalação de mil bibliotecas nas cidades onde não há nenhuma - 14 milhões de brasileiros vivem com pouquíssimas ou nenhuma chance de ler - e campanhas de rádio e TV pela leitura, que vão ao ar em outubro. Neste esforço, soma-se a iniciativa de outros ministérios, como o do Desenvolvimento Agrário, que conduz o projeto Arca das Letras, cuja meta é levar 855 minibibliotecas para o meio rural. Em paralelo, segue a criação da Câmara Setorial do Livro e Leitura. Será um órgão consultivo do MinC, formado por representantes de 35 instituições e especialistas, entre governo, mercado e sociedade, e com a função de dar subsídios para a formulação de diretrizes políticas para o setor.

O grande objetivo da iniciativa é aumentar em 50% o índice de leitura no País - de mísero 1,8 livro por habitante/ano. Vale dizer que iniciativa semelhante, em menor escala, foi implementada na cidade de Ribeirão Preto em 2001 pelo mesmo Galeno Amorim que hoje comanda o plano nacional. Lá, o programa de instalação de bibliotecas fez o índice de leitura da cidade saltar de 2 para 9,7 livros por habitante/ano em três anos, número superior ao de países desenvolvidos e com hábito tradicional de leitura, como França (7) e Estados Unidos (5,1).