Título: Cripta de João Paulo II reflete sua simplicidade
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2005, Vida&, p. A16

A urna onde está colocado o corpo do papa Pio X, nas grutas da Basílica de São Pedro, se assemelha à de um faraó. A de Inocêncio IX não economiza no detalhe rebuscado. Outros túmulos dispostos no mesmo local não disfarçam a pompa que a Igreja concedia a seus chefes mortos. Já o de João Paulo II, o papa que mais fiéis levou à Praça de São Pedro, não passa de uma laje de mármore branco, com uma breve inscrição com a data de início e fim de seu pontificado e ainda um candelabro, uma gravura em pedra e um jarro com flores. A simplicidade de João Paulo II está refletida em sua cripta. Para visitá-la não será preciso muito esforço, desde que não existam filas intermináveis como as observadas na semana passada durante o funeral do papa. Em média, a visitação dura menos do que 20 segundos diante do túmulo. Mas o Vaticano, já prevendo uma grande procura com base na multidão que tomou a cidade de Roma durante as exéquias, abre as portas a partir de 7 horas de hoje (2 horas em Brasília).

Ontem, jornalistas de todo o mundo, sem o direito de tirar fotografias, fizeram um primeiro passeio pelas 62 urnas de papas mortos, entre eles Inocente IX, Bento XII e XV, Pio XI e Paulo VI. A sensação é a mesma de se visitar tumbas de personalidades da Antiguidade em museus importantes como o Metropolitan, em Nova York, e o Louvre, em Paris. A única exceção é a câmara onde descansa São Pedro, o primeiro papa da Igreja Católica, que não pode ser visitado pelos turistas e fiéis apesar da riqueza da decoração.

Na gruta da basílica, as luzes frias deixam ainda mais sem vida os porões do Vaticano. As paredes são limpas, claras e sem nenhum ornamento. Mas, se um dia o papa virar santo como pedem milhares de fiéis, o Vaticano não exclui a possibilidade de seu túmulo ascender para o andar principal da basílica, onde ficará com outros papa beatificados.