Título: Cardeais pedem beatificação de Wojtyla
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2005, Vida&, p. A16

Um grupo numeroso de cardeais assinou uma carta pedindo ao futuro papa a beatificação "em um tempo breve" de João Paulo II, informou ontem o jornal italiano Corriere della Sera. De acordo com o diário, o documento "já está nas mãos do cardeal Joseph Ratzinger", o decano do Colégio de Cardeais, após ser assinado por "muitos, mas nem por todos" os religiosos. A mensagem será entregue por Ratzinger ao sucessor de Karol Wojtyla, que será eleito no conclave que começará na segunda-feira com a participação de 115 cardeais com menos de 80 anos. O Corriere della Sera não diz quantos cardeais assinaram a carta, mas informa que os que não a assinaram "não se opõem à idéia da beatificação de João Paulo II, mas duvidam da participação da Congregação de Cardeais - que é um órgão provisório - nesta matéria". Também consideram que "não convém exercer nenhuma pressão sobre o futuro papa", acrescenta o jornal.

ACLAMAÇÃO POPULAR

Entre alguns, prevalece a idéia de que os gritos de "santo já" proferidos pela multidão no funeral de João Paulo II não eram de todo espontâneas, já que foram vistos cartazes com esse lema nos dias anteriores, tanto entre os fiéis no Vaticano como em outros locais de Roma.

A aclamação durante o funeral abriu o caminho para a idéia de uma beatificação rápida - ou inclusive para a canonização, ainda este ano, como indicou na segunda-feira o secretário da Congregação para as Causas dos Santos, o arcebispo Edward Nowak.

No entanto, para que João Paulo II fosse proclamado santo ainda este ano o novo papa deveria reconhecer como válida a aclamação popular, uma regra da antiga Igreja hoje em desuso, o que muitos cardeais consideram inverossímil.

Normalmente, o processo de beatificação, prévio ao de canonização, só pode começar cinco anos depois da morte do candidato, embora o prazo possa ser reduzido pelo papa de maneira extraordinária, como o próprio João Paulo II fez em relação a Madre Teresa de Calcutá.