Título: Balança tem maior saldo da história
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2005, Economia, p. B1

A balança comercial brasileira obteve, em abril, o maior saldo comercial de sua história: US$ 3,876 bilhões. O resultado foi favorecido especialmente pelo aumento dos preços das principais commodities exportadas pelo Brasil. Os resultados preliminares divulgados ontem pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam, ao todo, 16 recordes. Os principais deles foram o total de exportações, de US$ 9,202 bilhões - as mais expressivas desse mês - e a média diária de embarques de US$ 460,1 milhões, a maior da história. Os saldos positivos de US$ 12,194 bilhões, no quadrimestre, e de US$ 37,770 bilhões, nos 12 meses encerrados em abril, igualmente bateram as marcas históricas. Os resultados das exportações em abril animaram o secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho, a estimar uma cifra de mais de US$ 10 bilhões nas exportações de maio. O desempenho da balança comercial no quadrimestre o levou a considerar "factível" a estimativa do mercado de um saldo positivo de US$ 34 bilhões neste ano, conforme divulgado ontem no relatório Focus, do Banco Central. Entretanto, Ramalho esquivou-se de apresentar a meta do governo para o saldo do ano, alegando que não há previsão sobre as importações nos próximos meses. Para as exportações, continua a valer a estimativa de US$ 112 bilhões em 2004.

O bom desempenho do comércio exterior se mantém, apesar da queda da cotação do dólar ante o real. Esse movimento é explicado pelo fato de muitas empresas terem contratos de fornecimento de longo prazo, firmados no passado, quando o dólar estava mais elevado. Conta também o fato de parte do setor produtivo haver optado estrategicamente pelas exportações, o que significa que manterão suas vendas ao exterior ainda que não sejam tão rentáveis. Também pesa a impossibilidade de desviar as vendas do mercado externo para o interno. Finalmente, números do Banco Central mostram que o câmbio brasileiro está ruim em dólar, mas mantém a competitividade em relação a outras moedas.

Em abril, as vendas ao exterior cresceram 39,6% comparadas com o mesmo mês do ano passado, com crescimento nas três categorias de produtos. Favorecidos pelos preços internacionais, os embarques de itens básicos somaram US$ 2,833 bilhões - aumento de 49,3% - e os de semimanufaturados alcançaram US$ 1,239 bilhão, aumento de 56,6%. Nessas duas categorias, os três produtos mais significativos foram: soja, minério de ferro e petróleo em bruto; semimanufaturas de ferro/aço, celulose e ferro fundido.

As vendas de manufaturas em abril cresceram 30,3% e chegaram a US$ 4,963 bilhões, movidas principalmente pelo desempenho dos setores de automóveis, de aparelhos de telefonia, de autopeças e de motores para veículos. As exportações de aeronaves recuaram em 17,8%.

Pela primeira vez, em abril, a Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), formada pelo Brasil e por 11 países da região, ultrapassou os Estados Unidos e se firmou como o segundo mercado dos produtos brasileiros, depois da União Européia.

A importação de abril foi uma das raras cifras que não bateram recorde. Somou US$ 5,326 bilhões e indicou crescimento de 15%, em relação a igual mês de 2004. Entretanto, a média diária de desembarques, de US$ 266,3 milhões, foi a maior para o mês. Os números da Secex mostram que houve recuo nas compras de combustíveis e lubrificantes, de 10,2%. Nas outras categorias, houve expansão.

Os resultados mostraram ainda que, de janeiro a abril, as exportações somaram US$ 33,653 bilhões, cifra 29,2% maior que a de igual período do ano passado. Nos 12 meses encerrados em abril, alcançaram US$ 104,090 bilhões, 32,8% superior às de maio de 2003 a abril de 2004. No caso das importações, os desembarques totalizaram US$ 21,459 bilhões no quadrimestre, o que significou aumento de 19,6%. Nos 12 meses, atingiram US$ 66,320 bilhões, o que indicou crescimento de 30%.