Título: Mercado prevê mais altas para o IPCA
Autor: Gustavo Freire, José Ramos
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/05/2005, Economia, p. B6

Segundo pesquisa do BC, efeitos da elevação da Selic ainda não apareceram

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a taxa básica de juros para 19,50% ainda não surtiu os efeitos esperados sobre as expectativas de mercado para a inflação deste ano. Pela segunda semana consecutiva após a decisão, as projeções para a variação do IPCA aumentaram na pesquisa Focus, que o BC realiza com mais de uma centena de instituições financeiras. Com a nova elevação, as expectativas de alta dos preços avançaram dos 6,15% da semana passada para 6,28%. Antes da decisão do Copom, as previsões de inflação estavam em 6,10%. A nova deterioração das expectativas serviu para deixar ainda mais remota a chance de o Copom vir a cumprir a meta de 5,1% perseguida neste ano. O temor de parcela do mercado, agora, é de que o índice final da inflação deste ano venha a ultrapassar os 7% - o teto da meta fixada originalmente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Nesta hipótese, as metas de inflação deixariam de ser cumpridas pela quarta vez desde a implantação desta política em 1999. Nesses casos, o presidente do Banco Central é obrigado a encaminhar ao ministro da Fazenda uma carta aberta com as explicações para o descumprimento da meta da inflação.

A piora das expectativas de inflação veio acompanhada de um ajuste das projeções de juros para maio. Em razão do feriado do último dia 21 de abril, algumas instituições financeiras não atualizaram suas informações e acabaram fazendo com que as expectativas permanecessem em 19,25%, mesmo depois de o Copom ter subido a taxa básica de juros para 19,50%.

Na pesquisa divulgada ontem, as estimativa foram elevadas para 19,50% e, com isso, embutiram uma expectativa de que não haja nova alta neste mês. A tendência de estabilidade seria mantida até julho. Em agosto, a taxa começaria a recuar gradualmente até atingir 17,75% no fim do ano.

CRESCIMENTO

A pesquisa do BC também registrou uma piora das expectativas de crescimento para este e para o próximo ano. As previsões de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano recuaram de 3,67% para 3,64% e se distanciaram ainda mais dos 4% projetados pelo próprio Banco Central.

Para 2006, as estimativas de expansão da atividade econômica foram reduzidas de 3,62% para 3,50%. Em contrapartida, as previsões de superávit da balança comercial neste ano aumentaram de US$ 33,85 bilhões para US$ 34 bilhões e as estimativas para o próximo ano ficaram estáveis em US$ 27,98 bilhões.