Título: Diante da cúpula do PT , CUT ataca a taxa de juros
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2005, Nacional, p. A4

Apesar da ligação histórica entre o PT e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a política econômica do governo Lula, em especial as elevadas taxas de juros, sofreu críticas ontem, durante evento da maior central sindical do País. No palco, ao lado dos ministros José Dirceu (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Trabalho), e líderes do governo no Senado, Aloizio Mercadante, e na Câmara, Arlindo Chinaglia, o presidente da entidade, Luiz Marinho, foi duro e cobrou "inversão da política econômica". "Usar só os juros como mecanismo de controle da inflação está errado", disse Marinho. "A CUT está propondo a necessidade de entendimento nacional. É preciso enquadrar o sistema financeiro." Falando diretamente ao ministro da Casa Civil, Marinho cobrou do governo uma política mais eficaz em relação aos setores com preços indexados. "É preciso enquadrar, José Dirceu, os setores advindos da privatização. E nós temos de achar uma forma de boicotá-los, para não pagar tanta conta de luz e de telefone", insistiu.

Apesar das críticas, Marinho, de quem Lula é amigo, disse que o governo tem méritos, saindo, em seguida, para uma platéia de 700 mil pessoas - segundo a Polícia Militar -, em defesa da reeleição do presidente. "Não somos doidos para dizer que está tudo errado no governo. E, se queremos continuar transformando esse país, precisamos continuar com Lula na Presidência."

Lula, que era esperado no evento da CUT, descartou a festa. "Existem muitas festas de 1.º de Maio em todo o País. Não dá para ir a todas", justificou. Coube aos ministros Dirceu e Berzoini a tarefa de discursar. Eles falaram pouco. Não receberam vaias nem aplausos. Durante o ato da Paulista, também sobraram críticas ao governador Geraldo Alckmin. "Esse governo de São Paulo é muito rico e tem de responder pela segurança", disse o presidente da CUT-SP, Edilson de Paula.