Título: Reunião de Cúpula terá Néstor Kirchner
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2005, Economia, p. A8

Notícia foi recebida com alívio no Itamaraty, que temia ausência do "parceiro" BRASÍLIA - Depois de várias declarações de indiferença, o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, confirmou sua presença no evento mais ambicioso da política externa brasileira, a Reunião de Cúpula da América do Sul e dos Países Árabes, marcada para os dias 10 e 11 de maio. A notícia foi recebida com alívio no Itamaraty, que temia a ausência justamente do chefe de Estado do principal "parceiro estratégico" do Brasil. Até sexta-feira, 21 dos 33 países convidados asseguraram a participação de seus líderes. Entre os 11 árabes, estarão em Brasília dois nomes que darão um especial tom político ao encontro, os presidentes da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, e do Iraque, Jalal Talabani.

Uma fonte da diplomacia informou que a crise política do Equador, que derrubou o presidente Lúcio Gutiérrez na semana passada, impedirá a participação de seu sucessor, Alfredo Palacio. As eleições no Suriname tornaram inviáveis a presença do presidente Ronald Venetiaan. Ambos os países deverão enviar seus chanceleres. Mas a ausência mais sentida foi a do líder líbio, Muamar Kadafi, a quem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez questão de visitar, em dezembro de 2003, e de mencionar publicamente como seu "companheiro".

Dos 22 países da Liga Árabe que participarão do evento, quatro ainda não confirmaram a presença de nenhum representante - Líbano, Arábia Saudita, Iêmen e Somália, que está envolvida em guerra civil. Egito, Tunísia, Sudão e Mauritânia serão representados por seus chanceleres, e Omã, por seu vice-ministro da Economia. No centro do Brasil republicano, o encontro deverá ser prestigiado por três reis: o emir do Catar, Hamad Al Thani, e os reis da Jordânia, Abdullah II, e do Marrocos, Mohammed VI. Além da Palestina e do Iraque, outros seis países serão representados por seus chefes de Estado ou de governo - Síria, Argélia, Barein, Comores, Djibouti e o Kuwait. Os Emirados Árabes ainda não definiram a autoridade que virá.

Amanhã, os coordenadores da reunião de cúpula, chamada extra-oficialmente no Itamaraty pela sigla "Caspa", devem realizar um ensaio da cerimônia de abertura, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, recentemente reformado. A principal preocupação será como conduzir tantos chefes de Estado e autoridades aos dois tablados do palco central, onde serão acomodados, e até o segundo andar, onde posarão para a foto oficial do evento.

Apenas na última sexta-feira foi confirmado o resultado da licitação da empresa que organizará fisicamente a reunião, o fórum empresarial e a feira de investimentos. Entre os desafios da DMF, o principal será colocar à disposição do evento 120 intérpretes, para os cinco idiomas oficiais - português, espanhol, árabe, inglês e francês.