Título: Papa defende os trabalhadores em sua 1.ª bênção dominical
Autor: José Maria Mayrink
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2005, Vida&, p. A14

Cerca de 100 mil pessoas foram à Praça São Pedro no Primeiro de Maio Bento XVI dirigiu uma mensagem aos trabalhadores ontem, na comemoração do Primeiro de Maio, ao recitar o Regina Caeli, ou Ângelus, que ocorre tradicionalmente ao meio-dia dos domingos, da janela do terceiro andar do Palácio Apostólico. Cerca de 100 mil pessoas, segundo a agência Ansa, foram à Praça de São Pedro. "Desejo que não falte trabalho especialmente para os jovens e que as condições de trabalho sejam sempre mais respeitosas da dignidade da pessoa humana", disse Bento XVI. "Domingo após domingo, João Paulo II, fiel a um compromisso que se tornou um agradável costume, acompanhou por mais de um quarto de século a história da Igreja e do mundo", disse Bento XVI, observando que, ao falar da janela do terceiro andar de seus aposentos, mais do que nunca sentia ali a presença de seu predecessor.

O papa afirmou que Pio XII instituiu há 50 anos a festa litúrgica de São José Operário no dia 1.º de maio para sublinhar a importância do trabalho e da presença de Cristo e da Igreja no mundo operário. Logo depois, tirando os olhos do texto lido em italiano, lembrou que ele também se chama José. Advertiu que "é necessário dar testemunho na sociedade hodierna do 'Evangelho do Trabalho', do qual João Paulo II falava na encíclica Laborem Exercens". Foi a segunda vez que se referiu ao seu antecessor e amigo, de quem foi o braço direito desde 1981, nessa sua primeira recitação do Ângelus.

Dirigindo-se a uma delegação da Associação Cristã dos Trabalhadores Italianos (Acli), o papa afirmou que a fraternidade cristã "é um valor que se deve encarnar no campo do trabalho e da vida social, porque a solidariedade, a justiça e a paz são os pilares da unidade da família humana".

Bento XVI fez também uma saudação às Igrejas ortodoxas orientais que neste domingo celebraram a Ressurreição de Cristo. "Espero, de coração, que a celebração da Páscoa seja para eles (os ortodoxos) uma prece conjunta de fé e de louvor Àquele que é o nosso Senhor e nos chama a percorrer com decisão o caminho para a plena união."

Encerrando a celebração, que durou 15 minutos, Bento XVI cantou o Regina Caeli em latim, num solo de voz forte e bem entoada que a multidão acompanhou em silêncio. Depois, vieram os aplausos, enquanto o alemão Ratzinger erguia os braços e em seguida juntava as mãos sobre o peito, num gesto de saudação que vai marcando seu estilo.

COMPROMISSOS

O papa terá uma agenda cheia nesta semana. Hoje, ele vai visitar a tumba de João Paulo II, por ocasião do 30.º dia de sua morte. Amanhã, receberá o presidente da Itália, Carlo Azeglio Ciampi, na primeira visita oficial de um chefe de Estado ao Vaticano. Na quarta-feira, dará audiência geral na basílica ou na praça de São Pedro e, no sábado, tomará posse, como bispo de Roma, da Basílica de São João de Latrão, catedral da diocese.

Bento XVI deverá ir também, provavelmente na quinta-feira, a Castelgandolfo, sua residência de verão, situada a 40 quilômetros do Vaticano.