Título: Petroquímica ganha fôlego em março
Autor: Aline Cury Zampieri
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/05/2005, Economia, p. B4

Para empresas, clientes já consumiram estoques feitos em 2004 A demanda por produtos petroquímicos no Brasil começou a se recuperar em março e é promissora para 2005, segundo empresas que atuam no setor. O primeiro bimestre do ano mostrou retração nas compras, já que houve compras para formação de estoque. "A quantidade de vendas no mercado interno em janeiro e fevereiro caiu", disse a gerente do Departamento de Economia da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fátima Giovanna Coviello Ferreira. A Abiquim registrou esse comportamento no segmento de resinas e elastômeros, matérias-primas de plásticos e borrachas.

A demanda por esses insumos em 2004 fechou em níveis recordes, mas no primeiro bimestre do ano os clientes já estavam com estoques formados. O vice-presidente executivo da Suzano Holding, João Pinheiro Nogueira Batista, observou que o mercado espera para até 2006 a ocorrência de um fenômeno no setor conhecido como "fly up", quando as margens chegam ao seu melhor estágio. E foi justamente essa previsão de alta que fez os clientes segurarem o que conseguiram comprar mais barato.

"Essa expectativa, combinada a queda geral de demanda por causa do aperto monetário, provocou contração nas compras da terceira geração de químicos", disse o executivo. "Foi um fenômeno conjuntural de curto prazo."

Sobre março, a gerente de Planejamento e Operações da Suzano Petroquímica, Katia Macedo, faz coro com outras empresas do setor ao dizer que os estoques dos clientes já foram consumidos. "Já se fala em alta de preços", afirmou. "Mesmo que o aperto monetário continue, não há mais estoques", complementa Batista.

Os benefícios também são esperados pelo presidente do grupo Unipar, Roberto Garcia. O conglomerado tem participações em dez companhias químicas, que produzem desde as matérias-primas até cloro e soda. Afirmou que em 2004 o lucro foi recorde para a Unipar, mas que sentiu a retração de janeiro e fevereiro. 'Em março recuperamos posições do primeiro bimestre", completa. Segundo ele, o resultado de janeiro a março deverá ser "razoavelmente bom".

O executivo acredita ainda que a cotação do petróleo em níveis recordes, em torno de US$ 50 o barril, não deve pressionar as margens da cadeia petroquímica. "É um patamar alto, mas não de todo absurdo." O presidente da Petroquímica União (PqU), Wilson Matsumoto, foi menos otimista. Ele acredita que "os resultados de muitos produtores de resinas no primeiro trimestre não deverão superar os níveis do mesmo período de 2004".

A PqU pertence à primeira geração petroquímica, que vende matéria-prima aos fabricantes de resinas. Segundo o executivo, as vendas nesse caso tendem a ser mais estáveis. "Mas o quadro é de relativo otimismo agora."