Título: Brasileiras superam números mundiais
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2005, Economia, p. B17

Lucro conjunto das maiores empresas nacionais contrasta com perda global A aviação brasileira, somados os ganhos da TAM e da Gol, e descontado o prejuízo da Varig, deu lucro de US$ 194 milhões em 2004, em cálculo feito pela consultoria Economática. As três empresas são responsáveis por 98% da demanda por transporte aéreo no País. Mundialmente, o setor teve prejuízo de US$ 4,8 bilhões, segundo estimativa da Associação de Transporte Aéreo Internacional (Iata, na sigla em inglês), que não faz detalhamento por países. A receita das companhias aéreas cresceu mais aqui (27,5%) do que nos EUA (11,4%), por exemplo, segundo a Economática. No mesmo levantamento, a consultoria constatou que empresas americanas perderam US$ 6,741 bilhões no ano passado. A média do setor no Brasil não inclui a Vasp, que não tem balanço para o ano. Mas, pelo tamanho da empresa, o resultado não afeta a tendência do lucro setorial.

"Não dá para generalizar. A verdade é que o setor não está em crise. Duas empresas estão indo bem (TAM e Gol), uma está em crise (Varig) e a Vasp parou. O setor vai bem, obrigado", diz o sócio da consultoria Bain & Company, André Castellini. O especialista atribui esse movimento ao crescimento da economia e ao câmbio mais fraco. Isso alivia os custos das empresas, que têm muitos gastos dolarizados, como o aluguel de aviões.

Em 2004, o movimento doméstico cresceu 11,9% e poderá crescer mais 10% em 2005, prevê Castellini, salvo um encarecimento brusco do petróleo, que se reflita nas tarifas. No primeiro trimestre de 2005, o tráfego interno acumula alta de 13,4% sobre o mesmo período de 2004. Nos vôos para o exterior, o quadro é semelhante: as empresas brasileiras estão com uma demanda 16,7% superior.

Os dados da Iata mostram que o tráfego aéreo internacional cresceu 7,6% e 7,9% em dezembro e janeiro, respectivamente, sobre os mesmos meses do ano anterior. A alta na América Latina nos dois meses foi superior, de 10,4% e 15%. E o tráfego internacional das brasileiras cresceu ainda mais: 12,2% e 16,8%.

O levantamento da Economática mostra que, quatro das sete empresas aéreas americanas com resultados disponíveis, registraram prejuízo no ano passado. Os maior resultado negativo foi da Delta Air Lines (US$ 5,198 bilhões), seguido de outras grandes, como AMR (controladora da American Airlines), Northwest e Continental. Porém, empresas de custos baixos, como Southwest, Jetblue e Skywest, registraram lucro.