Título: Privatização trouxe mais eficiência à indústria do aço
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/04/2005, Economia, p. B20

Rumo à expansão, CST mantém bons indicadores ambientais

O processo de privatização na siderurgia brasileira, ocorrido na década de 1990, foi mais um fator decisivo para a melhoria das práticas ambientais. Com estrutura mais enxuta e livres dos "vícios" da máquina estatal, as empresas tornaram-se mais eficientes e competitivas no mercado externo. "A adequação a padrões mais elevados de gestão ambiental ajudou a definir a competitividade das empresas, até pelo alto consumo de água e energia elétrica nesse setor", explica Fernando Almeida, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). Este foi um diferencial importante em relação, por exemplo, às siderúrgicas americanas.

A Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) - a caçula entre as grandes usinas brasileiras, com 21 anos de operação e privatizada há 13 anos - percebeu logo que a gestão ambiental eficiente seria um diferencial competitivo. Às voltas com sua expansão, que consumirá US$ 1,2 bilhão até 2006 e permitirá aumentar a produção de 5 milhões de toneladas de aço/ano para 7,5 milhões/t/ano, a empresa capixaba mantém indicadores invejáveis nesse campo.

Atualmente, 96% da água utilizada pela empresa - 39 mil metros cúbicos/hora - vem do mar e é dessalinizada para uso nos processos industriais. A água doce responde pelos 4% restantes (2 mil m3/hora), e 97% desse volume é reutilizado internamente.

Hoje, a siderurgia brasileira já trabalha com um reaproveitamento expressivo dos resíduos do processo de produção do aço, e obtém lucros com isso. A CST chegou a um índice de reaproveitamento de 99%, sendo que a média da siderurgia brasileira é 80%.

"O cenário ideal seria não produzir resíduos. Como isso ainda não é possível, procuramos reutilizar internamente a maior parte possível, e a outra parte passa por enobrecimento e é comercializada", explica Robson de Almeida Melo e Silva, gerente de Meio Ambiente da CST. A escória da aciaria, principal resíduo do processo siderúrgico, é 100% comercializada. É usada como insumo para cimenteiras e também como lastro ferroviário pela Vale do Rio Doce. A Acerita, escória de aciaria tratada da CST, é também usada como base para pavimentação de estradas. O alcatrão é comprado pela indústria carboquímica e a lama de alto-forno é usada em cerâmicas. A venda desses co-produtos já confere à empresa uma receita adicional de US$ 28 milhões.

Para Silva, o bom desempenho ambiental da CST, além de abrir mercados, dá à empresa maior poder de fogo na negociação de financiamentos. "É a prova de que desempenho econômico e ambiental não são excludentes", afirma.