Título: Bush pede a Sharon que não amplie as colônias judaicas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2005, Internacional, p. A15

O presidente dos EUA, George W. Bush, pediu ontem ao primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, que não leve adiante a planejada expansão da colônia judaica de Maale Adumin, vizinha de Jerusalém Oriental, na Cisjordânia, porque isso criaria obstáculos ao avanço do processo de paz com os palestinos. O diário israelense Haaretz assinalou que Sharon concordou com o pedido. No entanto, a agência France Presse, citando um alto funcionário israelense, informou que Sharon impôs como condição para interromper as construções o fim dos ataques de grupos armados palestinos. Tanto o congelamento das obras como o desarmamento dos militantes radicais estão previstos no mapa da estrada, o último plano de paz para a região, do qual Bush é um dos patrocinadores.

Os dois líderes se reuniram na fazenda de Bush, em Crawford, no Texas, e depois deram uma entrevista à imprensa, na qual Sharon reiterou seu compromisso com o processo de paz e com a remoção de embriões de colônias judaicas na Cisjordânia, medida com forte resitência em Israel, mas não se comprometeu a congelar as obras nos assentamentos existentes . Falando à rede de notícias NBC, Sharon afirmou que, pela primeira vez, está tomando cuidados para se proteger de judeus. "A tensão, a atmosfera aqui parecem a véspera de uma guerra civil", disse.

Bush novamente deixou a porta aberta para a possibilidade de Israel anexar grandes blocos de colônias na Cisjordânia - território ocupado pelos israelenses na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Ele enfatizou que as negociações sobre os assentamentos devem levar em conta as preocupações de Israel sobre "grandes centros populacionais" nos territórios ocupados, e pediu que o governo palestino desmantele os grupos armados, como prevê o mapa. "Como eu disse em abril, as novas realidades tornam irreal imaginar um retorno às fronteiras de 1949 (antes da Guerra dos Seis Dias)", declarou Bush.

O presidente também afirmou ter dito a Sharon que Israel não deve assumir nenhuma atividade que viole suas obrigações ou crie obstáculos às negociações sobre o status final dos territórios.

A reunião teria como principal objetivo a expressão de apoio dos EUA ao plano de Sharon de remover as colônias da Faixa de Gaza e outras quatro da Cisjordânia. Mas a expansão de Maale Adumim e a violência nos territórios se destacaram. No sábado, soldados israelenses mataram na Faixa de Gaza três palestinos, que acusaram de contrabandear armas - fato negado por moradores. Militantes atacaram colônias judaicas na região.

A Autoridade Palestina criticou Bush por ter "legitimado" a colonização judaica. "Não há assentamentos legais e ilegais. Toda a atividade de assentamentos nos territórios ocupados em 1967, incluindo Jerusalém Oriental, Faixa de Gaza e Cisjordânia, é basicamente ilegal", disse o negociador-chefe palestino Saeb Erekat.