Título: PF prende 13 por lavagem de dinheiro
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2005, Nacional, p. A12

Empresários, doleiros, investidores e servidores foram detidos na Operação Tango, realizada em seis Estados Trezentos policiais federais deflagraram ontem em seis Estados a Operação Tango, que resultou na prisão de 13 empresários, doleiros, servidores, advogados e investidores - supostamente integrantes de um esquema de lavagem de dinheiro e crimes financeiros e contra a administração pública que teria causado rombo estimado em R$ 1,5 bilhão ao Tesouro. À tarde, a PF chegou a divulgar a prisão de 16 pessoas, mas no início da noite fechou em 13 o número de detidos. A PF revelou que a "organização criminosa" criava créditos tributários "frios" oferecidos a empresas com dificuldades financeiras. Tais títulos seriam empregados na compensação de obrigações e débitos fiscais. Segundo a PF, os fraudadores financiavam a aquisição dos créditos vendidos e também emprestavam dinheiro às empresas, utilizando as transações em contabilidade paralela, por meio da qual camuflavam recursos ilegalmente obtidos.

Ainda de acordo com a PF, a organização promovia "operações estruturadas no mercado financeiro". Entre os suspeitos foi apontado César de La Cruz Mendoza Arieta, argentino, citado em CPI como fraudador da Previdência.

Há três anos o esquema estava sob investigação do Núcleo de Repressão a Crimes Financeiros e Lavagem de Dinheiro da PF no Rio Grande do Sul.

A Operação Tango foi autorizada pela Justiça Federal em Porto Alegre e comandada pelos delegados da PF Alexandre Sbarrola e Ildo Gasparetto.

Catorze mandados de prisão e 27 mandados de busca e apreensão foram expedidos pela 1.ª Vara Federal, especializada em processos sobre crimes financeiros e lavagem de dinheiro. Em São Paulo, foram presas 5 pessoas, uma delas no município de Araçatuba.

MISSÃO INTEGRADA

Os federais fizeram prisões e vasculharam escritórios e domicílios, onde apreenderam documentos e computadores, no Distrito Federal e nos Estados de Paraíba, Tocantins, Rio, São Paulo e Rio Grande do Sul.

A missão da PF foi integrada com a Corregedoria da Receita Federal. A organização também teria efetuado transações ilícitas com sinal verde de instituições bancárias, na compra de créditos, repassando ao investidor montante muito superIor ao que ele captaria depois do pagamento do Imposto de Renda. Na prática, o beneficiário da fraude não fazia o recolhimento do tributo.

O Banco Santos é citado pela PF. Em meados de 2004, o Banco Santos fechou "permuta de créditos" com a Vale Couros Trading S.A. - utilizada pela organização - para usar seus créditos tributários, estimados em cerca de R$ 450 milhões, numa suposta operação para afastar a ameaça de intervenção do Banco Central.

No Sul foram presos Roberto Fabbrin, segundo a PF sócio de Marcio Pavan na venda dos créditos para o Banco Santos, além de Arrieta e sua mulher e advogada, Stania Regina Soder. Na Paraíba foi preso Fabio Magno de Arazjo Fernandes, que seria responsável pelo agenciamento de clientes e fornecimento de certidões frias.