Título: EUA podem reduzir presença no Iraque
Autor: Eric Schmitt
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2005, Internacional, p. A15

Dois anos depois da queda de Saddam Hussein, a campanha militar liderada pelos EUA no Iraque está progredindo o suficiente no combate aos insurgentes e no treinamento das forças de segurança iraquianas para permitir planos de reduções de tropas significativas, dizem altos comandantes e funcionários do Pentágono. Segundo eles, o total de militares americanos no Iraque poderia ser reduzido dos atuais 142 mil para 105 mil até o início de 2006. Altos funcionários dos EUA temem precipitar-se declarando sucesso contra uma insurgência que, segundo eles, talvez ainda tenha entre 12 mil e 20 mil combatentes radicais, financiamento abundante e capacidade de mudar de táticas rapidamente. Mas esses funcionários citam várias tendências novas e positivas.

O número de ataques às forças aliadas caiu para 30 a 40 por dia, bem abaixo do pico médio diário de 140 às vésperas das eleições de 30 de janeiro, mas ainda próximo dos índices de um ano atrás. Apenas metade dos ataques, aproximadamente, causa vítimas ou danos, mas em média pelo menos um militar dos EUA morre no Iraque a cada dia. Em março, 36 soldados americanos morreram no país, o índice mensal mais baixo desde fevereiro de 2004, quando houve 21 mortes. Os ataques rebeldes agora destinam-se mais a matar civis e membros das forças de segurança do Iraque.

Vários dos principais assessores de Abu Musab al-Zarqawi, o militante jordaniano cujo grupo assumiu responsabilidade por muitos dos ataques mais mortíferos, foram capturados ou mortos nas últimas semanas. Comandantes dos EUA dizem que os rebeldes agora levam mais tempo para se reagrupar e lançar outra série de ataques com novas táticas.

O total de insurgentes permanece praticamente inalterado desde o ano passado, embora centenas - ou talvez milhares - tenham sido mortos ou capturados, sugerindo que a rebelião ainda pode atrair os desempregados, insatisfeitos e até simpatizantes autênticos em número suficiente para evitar que a fonte seque. A prioridade dos militares dos EUA passou do lançamento de operações ofensivas para o treinamento de soldados e policiais iraquianos. O Pentágono afirma que mais de 152 mil iraquianos foram treinados e equipados para as forças militares e policiais.