Título: Fidel manda buscar médicos proibidos de atuar
Autor: Geraldo Krunk, Colaborou: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/04/2005, Nacional, p. A11

Por decisão da Justiça Federal no Tocantins, 62 médicos cubanos que atuavam no Estado, devem retornar hoje ao seu país. O juiz federal Marcelo Albernaz concedeu liminar ao Conselho Regional de Medicina (CRM), que pedia que esses médicos fossem impedidos de atuar profissionalmente por falta de registro junto à entidade. Em sua decisão, o juiz comparou o trabalho que eles desenvolviam a atividades de curandeirismo. O vice-presidente do CRM, Frederico Melo, defendeu a entidade, dizendo que os médicos cubanos não conhecem a realidade sanitária do Estado, não dominam a língua portuguesa e sequer provaram que são médicos.

Irritado com a suspensão dos contratos por parte do governo estadual, o presidente de Cuba, Fidel Castro, mandou um avião a Brasília para buscar os médicos cubanos.

Vindos de diversas cidades do interior, eles se reuniram em um hotel de Palmas e embarcaram na madrugada de hoje para Brasília, em avião fretado pelo governo estadual.

O Ministério das Relações Exteriores defendeu ontem que a decisão da Justiça Federal no Tocantins não provocará um incidente internacional ou qualquer atrito entre o Brasil e Cuba. A reação de Fidel Castro foi minimizada pelo Itamaraty. Uma fonte da diplomacia informou que, desde o início da semana, o ministério vem tratando "tranqüilamente" do tema com a embaixada de Cuba no Brasil.

O mesmo diplomata acrescentou que a decisão judicial será cumprida e que o Itamaraty não poderá interferir nessa questão. O ministério apenas continuará com as negociações de um Acordo de Cooperação em Educação entre os dois países, cujo objetivo será chegar a uma solução legal e satisfatória para a presença dos médicos cubanos no Brasil e dos 600 estudantes de medicina brasileiros em Cuba.