Título: Brasileiro morreu ao chegar ao cativeiro, diz TV
Autor: Denise Chrispim Marin e Rodrigo Morais
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/04/2005, Internacional, p. A12

O engenheiro brasileiro João José Vasconcellos Jr., seqüestrado no Iraque em 19 de janeiro, teria morrido pouco tempo depois, noticiou ontem à noite a Rede Globo. O correspondente da emissora em Jerusalém, Marcos Losekann, atribuiu a informação a uma "fonte britânica" na cidade - que, por sua vez, teria recebido essa versão de um "grupo que se diz responsável pelo seqüestro". O Itamaraty, porém, informou pouco depois que não dispõe de nenhuma confirmação da notícia, insistindo que não há provas nem de que Vasconcellos esteja vivo nem de que esteja morto. A Assessoria de Imprensa do Itamaraty destacou que os diplomatas brasileiros enviados ao Iraque no final de março para tentar localizar o engenheiro - seqüestrado quando trabalhava para a empresa brasileira Odebrecht na construção de uma usina elétrica - continuam seu trabalho naquele país.

Segundo a reportagem que foi ao ar no Jornal Nacional, o brasileiro teria morrido ao chegar ao cativeiro, em conseqüência de ferimentos sofridos no momento do ataque dos seqüestradores.

Ainda de acordo com a reportagem, o grupo que se diz responsável pelo seqüestro - cujo nome não foi divulgado - teria exigido US$ 400 mil para liberar o corpo do engenheiro. O correspondente da Globo disse que o governo brasileiro tenta confirmar se o grupo citado é realmente aquele que seqüestrou Vasconcellos, e obter uma prova de sua condição.

FAMÍLIA

A família do engenheiro, entretanto, recebeu a notícia com ceticismo. Isabel Vasconcellos, irmã do refém, aponta a falta de uma prova e o anonimato da fonte como fatores que levam a família a não acreditar na informação.

"Pode até ser verdade, mas não podemos acreditar em uma fonte que não se apresenta e não dá prova de nada", disse Isabel. "Não trabalhamos com isso, mas com a tentativa de localizá-lo com vida."

Isabel ressaltou que a Odebrecht nega ter sofrido qualquer tentativa de extorsão por parte dos supostos seqüestradores. "Não há nenhum pedido de dinheiro", afirmou. "A Odebrecht não está negociando liberação de corpo. Apenas quem trouxesse uma informação confirmada poderia receber uma recompensa."