Título: Antonelli, um pastor afastado da Cúria
Autor: Jamil Chade, José Maria Mayrink
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/04/2005, Vida &, p. A15

Considerado mais pastor do que um homem de relações políticas e diplomáticas, o cardeal italiano Ennio Antonelli, arcebispo de Florença, de 68 anos, ficou conhecido em 1990 ao escrever uma carta condenando qualquer tipo de superstição, principalmente adivinhações. Contra a guerra no Iraque, Antonelli realizou vigílias com grupos de muçulmanos, provocando comentários, na época, de que seria antiamericano. Apesar de sua experiência pastoral, o arcebispo não é próximo da Cúria e talvez lhe faltem habilidades administrativas - aspectos desfavoráveis à sucessão de João Paulo II. O cardeal nasceu em Todi, na Itália, em 18 de novembro de 1936. Iniciou seus estudos no seminário de Todi e, posteriormente, preparou-se no Seminário Regional Pontifício de Agarram. Em Roma, obteve licenciatura em teologia na Pontifícia Universidade Lateranense e fez doutorado em letras e filosofia na Universidade Estatal da Perugia. Ordenou-se sacerdote em 2 de abril de 1960.

Foi catedrático, vice-reitor e reitor do Seminário de Perúgia. Entre 1968 e 1983 ensinou teologia e história da arte nos Institutos Superiores de Agarram e Diruta. Em 25 de maio de 1982, Antonelli foi nomeado bispo de Gubbio e, em 6 de outubro de 1988, arcebispo de Perúgia-Città della Pieve.

Na Conferência Episcopal Italiana foi membro da Comissão para a Doutrina da Fé e da Catequese. Em 25 de maio de 1995, Antonelli foi nomeado secretário-geral da Conferência Episcopal Italiana. Em 2000, o arcebispo foi a favor da limitação de matrimônios mistos entre católicos e muçulmanos e exortou as paróquias para que não concedessem suas instalações para o culto islâmico, mas promovessem a evangelização dos imigrantes muçulmanos.

Em março de 2001, Antonelli foi transferido para a Sé Metropolitana de Florença e em outubro de 2003, foi nomeado cardeal por João Paulo II. Recebeu o barrete vermelho e o título da Igreja Romana de Sant'Andrea delle Fratte. Membro do Conselho Pontifício para os Leigos e as Comunicações Sociais, Antonelli declarou que o novo papa deverá seguir as linhas traçadas por João Paulo II: fidelidade ao Concílio Vaticano II, diálogo ecumênico, atenção aos jovens e à família e defesa dos direitos humanos e da paz.