Título: Saldo comercial acumulado no ano ignora câmbio e encosta nos US$ 10 bi
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2005, Economia & Negócios, p. B1

Com superávit recorde na última semana, resultado chega a US$ 9,712 bilhões, quase 50% maior do que nesta mesma época em 2004 Apesar das queixas dos exportadores em relação à valorização do real, que estaria reduzindo a competitividade dos produtos brasileiros, a balança comercial bateu novo recorde e apresentou um superávit de US$ 1,1 bilhão na segunda semana de abril. Foi o maior saldo semanal do ano. As exportações atingiram US$ 2,377 bilhões e as importações, US$ 1,277 bilhão, segundo os dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No acumulado do mês, as vendas para o exterior somaram US$ 2,965 bilhões e as importações totalizaram US$ 1,572 bilhão, resultando em superávit de US$ 1,393 bilhão. Com isso, o superávit acumulado do ano chegou a US$ 9,712 bilhões. No ano passado, nesta mesma época, o superávit da balança era de US$ 6,71 bilhões.

De janeiro até 10 de abril, as exportações cresceram 27,6% e as importações, 21,7%, em relação ao ano passado. Mesmo com os números positivos, os exportadores enviaram ao governo, na semana passada, um manifesto contra a valorização do câmbio. Os empresários argumentam que os bons resultados se referem a contratos fechados no segundo semestre do ano passado, quando o câmbio ainda era competitivo. A partir deste mês, as exportações começariam a cair. Eles afirmam que o nível de câmbio deste ano exige que os exportadores elevem seus preços, o que deve levá-los a perder contratos. Até agora, o único setor que teve redução nas exportações foi o de calçados.

Os dados do governo mostram que as exportações de produtos básicos, que em março foram menores que em 2004, começaram a crescer. A expectativa da Secretaria de Comércio Exterior é que os embarques da safra agrícola, principalmente de soja, a partir de abril, ajudem a melhorar os números das exportações mensais, que já ultrapassam a casa dos US$ 9 bilhões.

Em relação a abril de 2004, as vendas de produtos básicos cresceram 56,3%, principalmente petróleo em bruto, algodão em bruto, minério de ferro, carne suína, bovina e de frango, café em grão e soja em grão. Os embarques de semimanufaturados subiram 93,6%, por causa de ferro fundido, semimanufaturados de ferro e aço, alumínio em bruto, cátodos de níquel, açúcar em bruto, borracha sintética, celulose e madeira serrada.

Até as exportações de manufaturados, mais sensíveis a variações do câmbio, tiveram aumento expressivo. As vendas de manufaturados cresceram 38,4%, por causa do aumento nos embarques de aparelhos transmissores e receptores, polímeros de etileno, laminados planos de ferro e aço, automóveis de passageiros, açúcar refinado, bombas e compressores, álcool etílico, motores para veículos, autopeças e calçados.

Nas importações, os gastos aumentaram principalmente com produtos siderúrgicos (mais 56,7%), cereais e produtos de moagem (53,1%), farmacêuticos (33,7%), equipamentos elétricos e eletrônicos (33,3%) e plásticos e obras (31,9%).