Título: Mercado já projeta índice acima de 6%
Autor: Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2005, Economia & Negócios, p. B3

As expectativas de inflação do mercado financeiro para este ano deram um novo salto, conforme apontou a pesquisa semanal do Banco Central entre bancos e empresas de consultoria. No levantamento divulgado ontem, a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 5,88% para 6,04%. Foi a sexta elevação consecutiva e a primeira vez, neste ano, que o indicador, usado como referência na política de metas de inflação, ultrapassa a barreira dos 6%. Com a nova previsão, as estimativas do mercado ficaram ainda mais distantes da meta de 5,1%, aproximando-se do teto de 7% admitido pelo governo para 2005. A piora do humor do mercado alterou também as estimativas de médio prazo das cinco instituições que demonstram maior grau de acerto em suas previsões. Estáveis em 5,77% por três semanas, as projeções dessas instituições passaram para 5,83%, também se distanciando da meta oficial de 5,1%. Apesar do maior pessimismo com a inflação, as projeções de juros para os próximos cinco meses ainda apontam para possibilidade de encerramento do ciclo de altas. A expectativa dos participantes da pesquisa é que os juros voltem a cair em setembro e terminem 2005 em 17,5%.

A estimativa para 12 meses à frente recuou de 5,57% para 5,48%, indicando que o BC pode está tendo sucesso em trazer as expectativas para um patamar próximo da meta no longo prazo. As previsões de IPCA para 2006 não se modificaram e continuaram em 5%. Na semana passada, alguns analistas de mercado chegaram a prever que as estimativas para o próximo ano poderiam subir em conseqüência da piora das projeções para 2005.

O mercado também ajustou, desta vez para baixo, a estimativa de crescimento da economia. No rastro da queda da produção industrial em fevereiro, divulgada na semana passada pelo IBGE, as previsões de mercado para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano recuaram de 3,69% para 3,67%. Com a queda, passaram a ficar mais distantes dos 4% estimados pelo BC. Para 2006 recuaram ainda mais, passando de 3,70% para 3,57%.

Mesmo com o cenário mais desfavorável ao crescimento, as previsões para o superávit da balança comercial deste ano ultrapassaram a marca dos US$ 30 bilhões pela primeira vez e chegaram a US$ 31 bilhões. Com o bom resultado do comércio externo, as estimativas de superávit em conta corrente (balança comercial e serviços) também aumentaram e passaram de US$ 4,70 bilhões para US$ 5,02 bilhões.