Título: Mantega sobre Cesp: bola está com Tesouro
Autor: Ricardo Leopoldo e Elizabeth Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2005, Economia & Negócios, p. B4

Presidente do BNDES diz ao governador Alckmin que não pode participar diretamente da capitalização da companhia paulista O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, descartou ontem a possibilidade de a instituição investir diretamente na capitalização da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), como pleiteava o governo paulista. Também esclareceu que o banco só poderá participar do processo repassando recursos eventualmente concedidos pelo Tesouro Nacional. 'O BNDES é mero intermediário: recebe recursos do Tesouro e os repassa para a Cesp', disse Mantega, citando que a liberação no ano passado foi de R$ 1,2 bilhão.

Mantega ressaltou que o governo paulista precisa encontrar uma solução urgente para a reestruturação financeira da empresa, pois no dia 16 vence uma obrigação de capitalização da estatal, que, segundo o vice-presidente do BNDES, Demian Fiocca, é de R$ 200 milhões.

'Caso contrário, o governo de São Paulo terá de buscar uma solução de mercado', reiterou Mantega. 'A responsabilidade é do governo de São Paulo, cabe a ele fazer a capitalização.

Nós aguardamos o posicionamento do governo federal e a solução que o governo estadual vai adotar. Pode, por exemplo, privatizar a CTEEP, que tem valor, colocar outros ativos na Cesp; existe um menu de soluções, alguma deve ser adotada pelo governo de São Paulo.'

'Cabe à secretaria do Tesouro se pronunciar se vai fazer ou não essa rolagem (da dívida da Cesp).

São R$ 900 milhões de debêntures que estão vencendo em 2005 e mais R$ 300 milhões em 2006, o que dá um total de R$ 1,2 bilhão. Se o Tesouro fizer a rolagem, o BNDES vai apoiar, inclusive a capitalização da Cesp. A bola está com o Tesouro, Ministério da Fazenda e governo do Estado', completou.

Mantega criticou a recente proposta do governo do Estado para a reestruturação do passivo de R$ 10 bilhões da Cesp, que contaria com recursos do BNDES. 'A proposta nos levaria a um descasamento, (pois implicaria) subscrever debêntures da Cesp sem a cobertura do Tesouro. O BNDES ficaria com exposição maior do que já tem na Cesp, que é de R$ 3 bilhões, e com descasamento, porque ficaria devendo para o Tesouro com o risco Cesp', explicou.

Depois de conversar com Mantega, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que os entendimentos para capitalizar a Cesp serão feitos, a partir de agora, diretamente com o Ministério da Fazenda e o Tesouro.

Alckmin disse estar confiante numa solução porque a Cesp é a terceira maior geradora de energia elétrica do País. Ele assegurou que 'não pretende privatizar a companhia', mas buscar uma solução que possa equacionar o problema estrutural de seu endividamento.