Título: EUA mantêm por mais 5 anos sobretaxa a aço do Brasil
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/04/2005, Economia, p. B4

Decisão é uma vitória para a indústria siderúrgica americana, mas prejudica os fabricantes de veículos Nilson Brandão Junior, Dow Jones Newswires, EFE

WASHINGTON-A Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos decidiu ontem manter por mais cinco anos as tarifas sobre aço importado adotadas em 1999. A decisão foi tomada após o Departamento do Comércio concluir que a suspensão das tarifas provocaria o crescimento das importações de aço laminado a quente do Brasil, Japão e Rússia, prejudicando as siderúrgicas americanas. O aço laminado a quente brasileiro continuará sob tarifas de 48% a 53% e outras restrições impostas pelos Estados Unidos em 1999. As tarifas vão de 18% a 23% sobre o aço laminado a quente do Japão. No caso da Rússia, os Estados Unidos negociaram um acordo limitando as importações desse tipo de aço.

Essas tarifas foram adotadas depois de o Departamento do Comércio determinar que esses três países haviam vendido 7 milhões de toneladas de produtos de aço no mercado americano em 1998. Uma onda de importações de aço proveniente de 11 outros países levou à imposição de tarifas adicionais em 2002, suspensas suspensas pelo presidente americano, George W. Bush, no fim de 2003.

A decisão de ontem é uma vitória para a indústria siderúrgica americana, mas prejudica os fabricantes de veículos e outros produtos que usam o aço como matéria-prima, para eles, a restrição da concorrência de oferta causa aumento dos preços do metal no mercado interno.

A Ford Motor Co. Divulgou comunicado dizendo que a manutenção das taxas "tem um impacto sério sobre as indústrias que consomem aço e sobre toda a nossa economia". E completou: "Os Estados Unidos continuarão a ver uma oferta restrita de aço e preços que estão artificialmente alt os."

Já o diretor-presidente da US Steel, John P. Surma, afirmou que "a indústria fez grandes avanços em termos de reestruturar-se e de recuperar-se da crise do aço, mas o trabalho não está concluído". Ele completou: "Essa decisão reconhece, corretamente, que não há lugar neste mercado para importações negociadas irregularmente, particularmente quando a indústria tenta se solidificar e construir sobre a base de seu progresso recente.".

No Rio de Janeiro, o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) criticou a decisão. Para o setor, não há fundamentos para a prorrogação. Além disso, o IBS indica que a meta das sobretaxas é barrar o acesso ao mercado americano do produto.

"A recuperação da demanda e dos preços do aço nos Estados Unidos e seus reflexos altamente positivos nos resultados da indústria siderúrgica daquele país torna injustificável a preservação da medida, cujo único objetivo é bloquear o acesso ao mercado americano de produtores externos mais competitivos", afirma a nota do instituto, divulgada ontem à noite.