Título: Primeira PPP será ferrovia Norte-Sul
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2005, Economia & Negócios, p. B6

Governo deverá anunciar até o final do mês os três primeiros projetos, mas ministro do Planejamento diz que só um está definido O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que o governo anunciará neste mês, possivelmente já na próxima semana, os três primeiros projetos de Parcerias Público-Privadas (PPPs). Uma já está definida: a implantação da ferrovia Norte-Sul, em três diferentes trechos. "O investimento para cada uma dessas três extensões da Norte-Sul custará cerca de US$ 300 milhões", disse. "Os outros dois projetos serão, possivelmente, para rodovias." Bernardo chefia a delegação brasileira na reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e contou ter constatado forte interesse de investidores estrangeiros em projetos de infra-estrutura no Brasil. Representantes do Banco Europeu de Investimentos revelaram ao ministro que empresas européias querem participar de várias áreas . "Há uma forte demanda e o banco europeu quer fazer emissões de dívida em reais no mercado para financiar esses projetos."

Bernardo observou que o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, que também participou do evento no Japão, deve anunciar até a metade deste ano medidas que permitirão o acesso de investidores estrangeiros ao mercado da dívida doméstica brasileira.

O Banco Japonês para a Cooperação Internacional (JBIC, na sigla em inglês), segundo o ministro, também demonstrou "um enorme interesse" dos empresários japoneses nas PPPs no Brasil, bem como diretores do banco japonês Mizuho.

'SATISFATÓRIA'

Bernardo classificou de "satisfatória" a participação brasileira na reunião do BID que termina oficialmente amanhã. Segundo ele, o banco regional aprovou uma mudança no perfil dos projetos de financiamento, que, apesar de ter ficado aquém do esperado pelo governo brasileiro, poderá torná-los mais ágeis e menos caros para os países latino-americanos.

"Os programas do BID deverão agora se concentrar nos interesses de cada país e o banco pretende ter uma atitude mais proativa", disse. "Os instrumentos para essa mudanças foram criados e esperamos que sejam implementados."

Em reunião com o presidente do BID, Enrique Iglesias, o ministro solicitou que o banco inicie o quanto antes a realização de emissões de títulos em reais para financiar projetos no Brasil. Durante a reunião em Okinawa, o BID anunciou que começará a promover esse tipo de operação financeira para apoiar os países da região. Mas, segundo Bernardo, ainda não está definido se, no caso do Brasil, as emissões seriam realizadas no mercado doméstico ou internacional. Isso vai depender, entre outra coisas, de um parecer técnico da Secretaria do Tesouro brasileiro.

IGLESIAS

A reunião do BID se aproxima do final sem que haja uma definição sobre o futuro de Iglesias e seu futuro sucessor. Bernardo reiterou que o Brasil defende a candidatura do economista João Sayad, atualmente vice-presidente para finanças do banco. "Mas antes de fazermos uma campanha oficial, temos de esperar que o Iglesias defina se vai sair mesmo e quando", observou. A expectativa no governo brasileiro é que Iglesias anuncie sua saída do cargo em junho.