Título: Crescimento da Petrobrás supera PDVSA e Pemex
Autor: Kelly Lima
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2005, Economia & Negócios, p. B8

Os sucessivos recordes de produção batidos pela Petrobrás e o acréscimo de 2 bilhões de barris às suas reservas em 2005 estão fazendo com que a estatal brasileira seja identificada como a empresa do setor petrolífero com maior potencial de crescimento na América Latina. À frente das gigantes PDVSA, da Venezuela, e Pemex, do México. Sobre a primeira, a Petrobrás já conseguiu uma vitória: se forem considerados os barris produzidos fora do Brasil, a companhia brasileira já superou a produção diária da estatal venezuelana. Já sobre a segunda, a disputa ocorre em outro nível: a Petrobrás está próxima de igualar suas reservas provadas às da Pemex, que também é controlada pelo governo.

"A companhia mexicana está atrelada diretamente aos interesses do Estado. Não tem como investir pesado na busca por novas reservas que substituam as atuais, que diminuem a cada dia, devido à elevada exportação de óleo do país para os Estados Unidos", destaca o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edmar Almeida. A Pemex tem relação entre produção e reserva de 26% para 57%, ou seja, para cada barril produzido hoje, 57% dele pode ser reposto com as novas reservas descobertas. No Brasil, esta relação supera os 100%.

Hoje, a Pemex possui reservas provadas em torno de 17 bilhões de barris de óleo e gás, ante 14,89 bilhões da Petrobrás, mas mantém a produção em 3,38 milhões de barris por dia, em média, enquanto a da Petrobrás atingiu 1,7 milhão de barris por dia no mercado interno. Para o fim do ano, a expectativa é chegar à auto-suficiência com a produção de 1,85 milhão de barris.

Somados à produção externa (300 mil barris por dia), a Petrobrás se equipara à produção diária da gigante PDVSA, que possui a maior reserva de petróleo fora do Oriente Médio e é a quinta maior exportadora de petróleo no mundo, respondendo por 15% da origem do óleo que chega aos Estados Unidos. Desde a greve na PDVSA há dois anos, a produção na Venezuela caiu e empresas privadas hoje respondem por mais de 40% da produção doméstica.

Com cerca de 116,5 bilhões de barris, a América Latina se firma com o avanço da Petrobrás nesta seara como a segunda maior região em reservas provadas, atrás dos 785,8 bilhões de barris do Oriente Médio e acima dos 105,5 bilhões da África.

INFLUÊNCIAS POLÍTICAS

Isso eleva o interesse de investidores na América Latina. "A PDVSA e a Pemex estão hermeticamente fechadas. Elas sofrem influências políticas diretas de seus governos e isso afasta qualquer atratividade para aqueles países, beneficiando a Petrobrás", analisa Jean-Paul Prates, da Expetro.

Com o preço do petróleo acima de US$ 50 o barril, analistas internacionais consideram uma "pechincha" o risco em mercados em desenvolvimento. Segundo o banco de investimentos Merrill Lynch, a Petrobrás é uma das que possuem maior potencial de crescimento, ao lado da Petrochina.

Um dos pontos negativos ainda é o fato de as ações da estatal oscilarem diretamente por causa de outros indicadores, como o Ibovespa, o índice MCSI das bolsas dos mercados emergentes, o risco país brasileiro e a estabilidade do real. "Isso está mudando e sentimos cada vez mais um descolamento do valor das ações da Petrobrás do risco Brasil", afirma o diretor financeiro da Petrobrás, Sérgio Gabrielli.