Título: País oferece tecnologia do álcool à China
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2005, Economia & Negócios, p. B8

O governo brasileiro mostrou-se ontem disposto a promover a transferência à China da tecnologia de produção do etanol e da experiência na regulação do uso da mistura do álcool anidro à gasolina. Depois da assinatura de um acordo bilateral de cooperação nessa área, em novembro, o segundo passo se deu ontem, com a visita de uma missão do governo chinês, liderada pelo engenheiro chinês Sun Xiaokang, ao Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. Por enquanto, as conversas não chegaram aos objetivos pretendidos pelo governo - a exportação de etanol para a China e a construção de parcerias para a produção mais competitiva do álcool na própria China.

Sun disse que seu objetivo no Brasil é absorver informações técnicas sobre a produção de cana-de-açúcar, de etanol, de carros bicombustíveis e dos motores adaptados à mistura de álcool à gasolina. Também demonstrou interesse nas normas brasileiras de uso da mistura de combustíveis, mas não deu nenhuma indicação sobre contratos de compra de etanol e da tecnologia empregada na sua fabricação.

Ele explicou que o crescimento econômico da China trouxe o país a a ameaça de carência de combustível e de energia. A mistura do álcool e da gasolina já é adotada em 9 das 31 províncias chinesas, que juntas consomem cerca de 1 bilhão de litros de etanol produzido a partir do milho. A produção de cana de açúcar, no país, se dá em regiões do sudeste, limitadas pelo clima.

Hoje a missão se encontrará com representantes dos setores canavieiro, automotivo e da Cetesb, em São Paulo. Amanhã, visitarão a Volkswagen e, em Piracicaba, a Usina Iracema e a fábrica Dedini.

"Queremos exportar para a China e entendemos que o processo de cooperação bilateral nos ajuda a alcançar esse objetivo", disse o secretário de Desenvolvimento da Produção do ministério, Antonio Sérgio Martins Mello. O governo acredita que a partilha dos conhecimentos sobre a produção de álcool com a China teria uma função estratégica.