Título: 'É prematuro prever que a meta de inflação não será atingida'
Autor: Fábio Alves
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/04/2005, Economia, p. B10

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que é "prematuro qualquer julgamento de que a meta de 5,1% neste ano não será atingida". Meirelles destacou a experiência de 2003, quando a evolução dos preços a partir da metade do ano fez a inflação convergir para próximo da meta de 8,5% - ficando 0,8 ponto acima do centro da meta -, portanto, ainda dentro do intervalo de tolerância. "Agora a economia tem um comportamento muito sólido e o Banco Central está mostrando comprometimento direto com a inflação. Assim, é prematuro", disse Meirelles. Ele enfatizou também que é a essência do regime de metas o fator credibilidade e a coordenação de expectativas. "O regime de metas não pode estar sujeito a mudanças pontuais em função de situações ocasionais. Se a meta é mutável, e a meta muda a cada evolução da inflação de curto prazo, a meta deixa de funcionar como âncora da economia", acrescentou.

Segundo o presidente do BC, "é muito importante que tenhamos persistência e persigamos a meta". "A meta no Brasil tem tido papel muito importante, como âncora das expectativas em um país que tem um passado de inflação mais elevada, como é o caso do Brasil"

Sobre a projeção para o crescimento da economia brasileira feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê 3,7% em 2005, Meirelles voltou a reiterar a estimativa feita pelo próprio BC de crescimento de 4% neste ano. "É uma previsão (a do FMI). Nós mantemos a nossa projeção. Estamos vendo sinais muito fortes da economia brasileira, e sinais de muita robustez, de um crescimento sustentado."

Ele destacou o crescimento da renda e do número de empregos. "E o crescimento da massa salarial é um fator da maior importância hoje, que está liderando o processo de crescimento", disse, acrescentando que as exportações continuam mostrando grande dinamismo.

Meirelles admitiu que a Europa está crescendo abaixo do esperado, mas disse que os Estados Unidos, cuja economia tem um peso mais importante para países como Brasil, continuam mostrando um bom desempenho da economia. Segundo ele, a queda dos últimos dias nos preços do petróleo é positiva para o Brasil.