Título: 'Aplaudimos papel do Brasil como líder regional'
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2005, Nacional, p. A6

Secretário dos EUA para a América Latina afirma que Lula é um 'verdadeiro democrata'

O secretário de Estado adjunto para a América Latina, Roger Noriega, afirmou ontem que os Estados Unidos "desfrutam hoje das mais positivas e abertas relações com o Brasil em memória recente". Ele atribuiu o bom relacionamento "em grande parte à relação pessoal entre o presidente Bush e o presidente Lula", uma premissa lembrada no início de reuniões na Casa Branca ou no Departamento de Estado que tenha o Brasil como tema, segundo fontes bem informadas. Falando à conferência anual do Conselho das Américas, uma semana depois de acompanhar a secretária de Estado, Condoleezza Rice, a uma viagem à América do Sul iniciada no Brasil, Roger Noriega disse que Lula "é um verdadeiro democrata" e reiterou a mensagem que a chefe da diplomacia transmitiu em seus encontros e em discursos e entrevistas que deu em Brasília. "Aplaudimos o novo papel do Brasil como líder regional e mundial e vemos o País como um parceiro valioso nos esforços de promover a segurança, a estabilidade e a prosperidade neste hemisfério e além", afirmou Noriega. Condoleezza, que falou antes do secretário adjunto, fez apenas uma breve referência ao fato de ter estado no Brasil e concentrou seu discurso na defesa da ratificação dos acordos comerciais que os EUA fizeram com a América Central (CAFTA) e a República Dominicana, que enfrentam forte resistência no Congresso.

A decisão da diplomacia americana de enaltecer as relações com o Brasil foi acompanhada, em vários discursos, por um nítido esforço para tirar a confrontação com o presidente Hugo Chávez da agenda pública de Washington. Numa clara mudança de tática, Condoleezza, Noriega e o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, que também falou à platéia de executivos de multinacionais, lobistas e diplomatas, deixaram passar todas as oportunidades de atacar diretamente o líder venezuelano, como faziam até recentemente. Limitaram-se a dizer que não basta ser eleito para ser democrático, é preciso também governar democraticamente.

"Não vamos mais permitir que Hugo Chávez domine nossa política para a região", explicou