Título: 25% de toda a riqueza do País é produzida por apenas 9 municípios
Autor: Wilson Tosta Luciana Nunes Leal Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2005, Nacional, p. A8

Pesquisa do IBGE mostra outros sinais de alta concentração; só a capital de São Paulo responde por mais de 10% do PIB brasileiro

São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Manaus, Belo Horizonte, Duque de Caxias, Curitiba, Guarulhos e São José dos Campos, 0,16% dos 5.560 municípios brasileiros em 2002, com 15,2% da população, produziram 25% da riqueza nacional. A constatação é da pesquisa Produto Interno Bruto (PIB) dos Municípios Brasileiros 1999/2002, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou outros sinais de concentração. No cálculo da variação nominal da riqueza de 1999 a 2002, o instituto constatou: as duas maiores cidades do País geraram 15,1% do PIB. Só a capital paulista produziu 10,4%. "A pesquisa mostra que parte expressiva da riqueza está concentrada em poucos municípios", disse o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes. "Temos sempre o olhar da desigualdade na distribuição da renda pessoal, e ela é o reflexo da distribuição do processo produtivo da economia." Se atualiza antigas informações sobre concentração da riqueza no País - em 2002, 70 cidades, 1,3% do total, com 33,3% dos habitantes, produziram 50% do PIB, enquanto outras 1.272, ou 22,9% do total, com 3,7% da população, geraram 1% do produto -, o estudo também traz novidades.

Uma é que em 1999 o acúmulo era maior: só 7 municípios geravam 1/4 da produção e São Paulo e Rio tinham mais participação, respectivamente 11,6% e 5,6%. Outra é a mudança na "elite" dos municípios que geram 25% do PIB, com a saída de Porto Alegre (RS) e a entrada de Duque de Caxias (RJ), Guarulhos e São José dos Campos (SP).

COMPARAÇÃO

O IBGE também constatou que, em 2002, apenas 407 cidades (7,32%), com 6,1% dos habitantes, produziram 75% da riqueza nacional. Os 25% restantes foram gerados pelos outros 5.153 municípios - 92,68%. O instituto encontrou outro sinal da concentração de riqueza na comparação entre os 10% das cidades com os maiores PIBs e os 50% com os menores. O IBGE verificou que em 2002, no Brasil, a faixa menor gerou 19,9 vezes a riqueza criada pela maior. No Sudeste, esta relação era 29,8 vezes. Retirada São Paulo, caiu para 23 vezes. O Sul foi a região com menor relação, 9,7 em 1999 e 9,2 em 2002.

Manaus é outra novidade: gerou, em 2002, PIB de R$ 20,3 bilhões, o quarto PIB municipal em termos absolutos, atrás apenas de São Paulo, Rio e Brasília, ultrapassando Belo Horizonte, que caiu para 5.º lugar. Segundo a pesquisa, os motivos seriam o recebimento de royalties sobre o gás natural do poço de Urucu e o crescimento do parque industrial.

Já Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, saiu da 15.ª para a 6.ª posição, com crescimento de 79,9%, indo de R$ 7,8 bilhões, em 1999, para R$ 14 bilhões em 2002. Lá, fica a Reduc, da Petrobrás.

O PIB per capita alto e seu crescimento, porém, não são sinais de padrão de vida alto. Em São Francisco do Conde (BA), maior PIB per capita do País, R$ 273.140, só 48,9% dos domicílios com água tinham em 2001 banheiro ligado ao esgoto sanitário, e o rendimento mensal nominal médio era R$ 370,47 - R$ 324,71 no caso das mulheres. O menor PIB municipal em 2002 foi o de São Félix do Tocantins (TO), R$ 1,911 milhão.