Título: China proíbe atos não autorizados contra o Japão
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Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2005, Internacional, p. A15

Autoridades temem que protestos antijaponeses possam sair do controle e incentivar outros contra o governo PEQUIM - Temendo que a situação possa fugir do controle, a polícia chinesa disse ontem que não tolerará novas manifestações contra o Japão que não tenham autorização oficial e advertiu que os infratores serão punidos de acordo com a lei. Enquanto isso, sites na internet e mensagens por celular convocavam a população a participar de novos protestos no fim de semana em pelo menos 21 cidades. "Esperamos que a população e os jovens estudantes tenham confiança no partido (comunista) e no governo para administrar corretamente as relações sino-japonesas, levando em consideração os interesses fundamentais do Estado e da nação", disse um comunicado da polícia de Pequim.

Ao mesmo tempo, a China assegurou ontem ao Japão que garantirá a segurança dos cidadãos e negócios japoneses no país, informou a agência oficial Nova China. Um grande número de policiais será designado para proteger os interesses japoneses e as missões diplomáticas.

No fim de semana passado, milhares de chineses manifestaram-se contra a reedição de um livro de história japonês que omite os crimes de guerra cometidos pelo Japão na 2.ª Guerra Mundial e a intenção de Tóquio de obter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Esta semana, as autoridades chinesas enviaram comunicados a governos provinciais, empresas e polícias locais advertindo que os protestos ameaçam sair do controle.

As autoridades pareciam dispostas a permitir uma grande manifestação em Xangai e talvez em algumas outras cidades, disseram funcionários locais e jornalistas. Mas os funcionários também manifestaram o temor de que o cuidadosamente monitorado protesto contra o Japão realizado no fim de semana passado em Pequim tenha desencadeado uma onda de atividades de raízes profundas que venha a piorar as já tensas relações com o Japão e minar a própria estabilidade social da China.

Não estava claro ontem se as manifestações programadas em Pequim, Xangai, Chengdu, Cantão, Hangzu, Shenyang, Nanquim e outras cidades serão realizadas. As autoridades temem que essas manifestações abram a porta para as pessoas protestarem contra a corrupção no governo e o confisco de terra, ou contra a desigualdade econômica e a repressão política.

O chanceler japonês, Nobutaka Machimura, disse ontem esperar que as conversações com funcionários chineses neste fim de semana possam reduzir as tensões entre os dois países. A chancelaria, no entanto, divulgou ontem um relatório anual em que acusa a China de ameaçar a segurança japonesa com uma série de incidentes, incluindo a prospecção ilegal de petróleo em uma exclusiva zona econômica do Japão e a incursão em águas territoriais japonesas. O relatório citou as explorações de gás chinesas nas disputadas águas do Mar do Leste da China.

Esta semana, o governo japonês pôs mais lenha na fogueira ao anunciar que está estudando a concessão a empresas japonesas da exploração de gás nessa mesma área disputada do Mar do Leste da China.

Em uma aparente represália, a residência do embaixador chinês no Japão amanheceu ontem pichada e o consulado chinês em Osaka recebeu uma carta ameaçadora.