Título: Candidatura não conseguiu unir América do Sul
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2005, Economia & Negócios, p. B3

BRASÍLIA - Apresentada como uma candidatura dos países em desenvolvimento, a indicação do embaixador Luiz Felipe Seixas Corrêa à diretoria-geral da OMC não conseguiu sequer unir os países da América do Sul, região em que a diplomacia brasileira aspira consolidar uma posição de liderança. A candidatura de Seixas foi anunciada em novembro, seis meses depois de o nome do uruguaio Carlos Pérez del Castillo já ter sido lançado, com amplo apoio da maioria dos países da América Latina.

O Brasil tentou em vão mudar a preferência de seus vizinhos. Fez também várias gestões para convencer o governo uruguaio a desistir da candidatura de Pérez del Castillo e apoiar Seixas Corrêa. A última tentativa foi feita junto ao recém-eleito presidente do Uruguai, o socialista Tabaré Vasquez. O governo brasileiro alimentava a esperança de que Vasquez retirasse a candidatura de Pérez del Castillo em troca do apoio dado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua eleição. Vasquez, porém, não cedeu.

Para diplomatas brasileiros, o principal motivo para o Itamaraty não ter apoiado Pérez del Castillo e apostar na candidatura de Seixas Corrêa foi a atuação do uruguaio na fracassada rodada de negociações agrícolas da OMC, em setembro de 2003 em Cancún, México. Pérez del Castillo, que presidia o encontro, foi responsável pela redação de uma declaração que espelhava a posição dos Estados Unidos e da União Européia nas negociações, duramente combatida pelo G- 20, grupo de países organizados pelo Brasil para lutar contra os subsídos agrícolas. A reunião acabou em impasse.