Título: Indústria mostra emprego estável
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2005, Economia & Negócios, p. B4

Em fevereiro, ocupação recuou 0,1% sobre fevereiro e aumentou 2,8% sobre igual mês de 2004

RIO - O emprego industrial respondeu com estabilidade à perda de ritmo da atividade da indústria em fevereiro. A ocupação do setor caiu 0,1% ante janeiro. Houve crescimento de 2,8% ante fevereiro do ano passado, a 12.ª expansão consecutiva nessa base de comparação, mas a menor variação apurada em 7 meses. Para Isabella Nunes Pereira, da Coordenação de Indústria do IBGE, os dados são "uma resposta do mercado de trabalho a um quadro de desaceleração na margem da produção". A massa de rendimentos da indústria cresceu, com expansão da folha de pagamento real em todas as bases de comparação: 0,7% ante janeiro e 2,1% ante fevereiro de 2004. No entanto, esse foi o pior resultado ante igual mês do ano anterior desde dezembro de 2003, e segundo Isabella, está vinculado a pagamentos de benefícios concentrados nessa época do ano e ao aumento do número de horas pagas, que cresceu 1,4% em fevereiro ante janeiro e 1,8% ante fevereiro do ano passado.

Para a economista do IBGE, "há um cenário de indecisão para os empresários, que são os agentes das contratações". Essa indecisão, disse, responde às taxas de juros em trajetória de elevação, ligeira pressão inflacionária e desaceleração da atividade industrial na margem. Segundo Isabella, é como se as empresas estivessem em compasso de espera, em momento mais cauteloso.

Apesar disso, ela sublinhou que mesmo que o mercado de trabalho esteja respondendo aos movimentos da produção industrial com estabilidade, ela ocorre no patamar mais elevado do emprego na indústria da série da pesquisa, iniciada em março de 2001. Isabella disse que o emprego industrial vinha em trajetória ascendente desde abril de 2004, e em novembro do ano passado atingiu o patamar mais elevado da série, estabilizando a partir de então.

A estabilidade diagnosticada por Isabella no emprego industrial é ilustrada pelo índice de média móvel trimestral, considerado o principal indicador de tendência e que permaneceu praticamente estável no mês, com variação negativa de 0,1% entre o trimestre encerrado em fevereiro e o terminado em janeiro.

No caso do rendimento, o mesmo indicador mostra tendência de alta, já que a variação da folha de pagamento mantém trajetória ascendente, com 3,5% de crescimento entre os dois trimestres.

SÃO PAULO

Entre as regiões pesquisadas pelo IBGE, o principal impacto positivo para o emprego industrial em fevereiro foi dado por São Paulo, que responde por cerca de 40% da ocupação industrial no Brasil e registrou aumento de 3% no número de vagas ante fevereiro do ano passado. Para as regiões, não é apurado o dado comparativo ao mês anterior.

As principais influências positivas para o emprego na indústria paulista foram dadas por máquinas e equipamentos (expansão de 13,5%) e meios de transporte (15,2%), ou seja, segmentos vinculados a bens de capital e bens de consumo duráveis (móveis, eletrodomésticos e automóveis), que continuam puxando a produção.

Também em termos setoriais, na média do País como um todo, os principais impactos positivos para o emprego em fevereiro, na comparação com igual mês do ano passado, foram dados por meios de transporte (14,2%) e máquinas e equipamentos (9,5%).