Título: Com FHC, tucanos fazem festa para atacar governo
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/05/2005, Nacional, p. A10

PSDB se reúne hoje em Brasília para festejar cinco anos da criação da Lei de Responsabilidade Fiscal

O PSDB comemora hoje, em Brasília, os cinco anos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), numa festa que fixará o ataque à gastança e ao aparelhamento do Estado como discurso principal da oposição tucana ao governo do PT. À frente da ofensiva estará o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que enviou o projeto de lei de responsabilidade fiscal ao Congresso e trabalhou para que fosse aprovado, mesmo que na época fosse considerado muito severo. Há menos de um mês Fernando Henrique disse à cúpula do PSDB que seu nome pode ser considerado uma opção para enfrentar a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva no ano que vem. Além do ex-presidente, confirmaram presença os oito governadores do partido - Aécio Neves, de Minas, Cássio Cunha Linha, da Paraíba, Geraldo Alckmin, de São Paulo, Ivo Cassol, de Rondônia, Lúcio Alcântara, do Ceará, Marcelo Miranda, de Tocantins, Marconi Perillo, de Goiás, e Simão Jatene, do Pará -, e os prefeitos de capitais e das principais cidades, entre eles o de São Paulo, José Serra.

Só para provocar o governo de Lula, o PSDB convidou também para a festa os dirigentes do PTB e do PMDB, partidos que hoje pertencem à base do governo e que há cinco anos eram aliados de FHC.

O relator da LRF na Câmara foi o deputado Pedro Novaes (PMDB-MA) e no Senado, Jefferson Péres (PDT-AM). O PT votou contra.

"O PT, que hoje cultua a Lei de Responsabilidade Fiscal, tentou derrubá-la no Congresso. Não o conseguindo, recorreu ao Supremo Tribunal Federal com uma ação direta de inconstitucionalidade", ataca o presidente do Instituto Teotônio Vilella, deputado Sebastião Madeira (MA). Ele diz ainda que hoje o governo federal tenta a todo instante driblar a LRF. "Isso, o PSDB quer denunciar", afirma.

Madeira afirmou que Fernando Henrique, Alckmin e Serra viajarão de São Paulo a Brasília no mesmo avião. Quando chegarem ao Kubitschek Plaza, no centro de Brasília, terá início a festa tucana.

"O grande avanço da lei foi o de possibilitar ao País aliar crescimento econômico com equilíbrio das contas públicas" diz o presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG). Para ele, o encontro de hoje será um importante instrumento para demonstrar à população a necessidade de se avançar na cultura de austeridade com os cofres públicos. "Será um alerta para Lula", afirmou.

"O presidente Lula fez um mea-culpa durante a sua única entrevista coletiva de que peca no investimento em infra-estrutura, mas tem aumentado os gastos na área meio (pessoal e custeio). É preciso sair do discurso e adotar medidas concretas", cobra ele. Azeredo lembra ainda que no orçamento deste ano o governo prevê investimento de R$ 12,4 bilhões (0,69% do PIB), ante um gasto de R$ 98,1 bilhões com folha de pagamento (5% do PIB).

Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), a LRF mudou a face da economia brasileira e significa "o passo civilizatório mais avançado que se deu na República". O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), diz, como os tucanos, que a LRF foi um grande avanço para o País.