Título: Sem pagamento, serviço 156 sai do ar
Autor: Silvia Amorim
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/04/2005, Metrópole, p. C1

Foram ao menos 21 horas sem atender a população, que faz em média 45 mil ligações por dia; consórcio não recebe desde agosto

Depois de uma ameaça da Prefeitura de recorrer à Justiça, o consórcio que administra a principal central telefônica de atendimento do governo municipal (o telefone 156) prometeu restabelecer o serviço ainda ontem à noite. Ele havia sido suspenso às 23 horas de anteontem por falta de pagamento e ficou fora do ar por, pelo menos, 21 horas. Nesse período, quem ligou para o 156 ouviu uma mensagem gravada informando que o serviço estava indisponível. No fim da tarde, a gravação foi trocada e dizia que ele seria restabelecido.

A retomada do atendimento foi a condição imposta pela Prefeitura para reiniciar as negociações. Segundo o consórcio, formado por quatro empresas - Optiglobe, Voz, Atento e Perform -, os pagamentos não são feitos desde agosto e a dívida chega a R$ 18 milhões (R$ 2,25 milhões por mês).

O secretário municipal de Gestão Pública, Januário Montone, reconheceu a dívida, mas explicou que os pagamentos referentes a janeiro, fevereiro e março não foram feitos porque o governo José Serra (PSDB) considerou os valores do contrato abusivos. "Estávamos chegando a um acordo. Queríamos uma redução de 32% e eles aceitavam 30%. Mas, de repente, o consórcio dispensou seu negociador e suspendeu o serviço." Montone classificou a paralisação como "estranha e injustificável". "Por que eles não pararam durante o calote da gestão anterior?"

Em nota, o governo Marta Suplicy (PT) disse que aprovou todas as faturas apresentadas pelo consórcio durante sua gestão e deixou recursos em caixa, no fim de 2004, para fazer o pagamento.

ABUSOS

Entre os abusos citados por Montone está a cobrança de uma taxa de manutenção dos sistemas de informática no valor de R$ 2,4 milhões, superior ao custo de instalação dos sistemas, de R$ 1,8 milhão. Em entrevistas a emissoras de rádio ontem, o secretário chegou a insinuar que o consórcio teria ligações com o governo da ex-prefeita , mas depois recuou.

O porta-voz do consórcio, Waldomiro Carvas Júnior, afirmou que as empresas decidiram interromper o serviço depois de esgotadas todas as possibilidades de negociação. "Não foi uma medida intempestiva, porque a Prefeitura foi avisada várias vezes." Em nota, o consórcio informou que teria uma reunião ainda ontem com o secretário. A informação não foi confirmada pela Prefeitura.

O 156 é a maior central de atendimento da administração. Recebe cerca de 45 mil ligações por dia entre denúncias, reclamações e pedidos de informações sobre transporte e limpeza, entre outros.

Em março, situação parecida aconteceu com a Eletropaulo. A concessionária, por falta de pagamento, cortou a energia de dezenas de prédios da Prefeitura, incluindo escolas, subprefeituras, bibliotecas e clubes. O caso foi parar na Justiça. A Prefeitura conseguiu liminar e o fornecimento de energia foi restabelecido em menos de 24 horas.